Memórias das cheias em São Sebastião do Caí

Autores

  • Janice Roberta Schröder Feevale
  • Luiz Antônio Gloger Maroneze Feevale

DOI:

https://doi.org/10.4013/rlah.v2i7.354

Palavras-chave:

cidade, memória, imaginário, enchentes.

Resumo

A cidade de São Sebastião do Caí se tornou vila em 1875 em virtude do rio Caí. Em suas margens foi construído um porto e este serviu como escoadouro da produção dos moradores da região. Em função da importância do rio, muitas habitações foram construídas em seu entorno, contudo o povoamento teve de conviver sistematicamente com as cheias do manancial. As enchentes, para os habitantes de São Sebastião do Caí, parecem funcionar como um traço distintivo para a cidade. As lembranças das antigas cheias, e as formas tradicionais de se relacionarem com elas, filiam os caienses a uma estranha forma de distinção. Apesar das cheias constituírem um evento natural que traz prejuízos, sua rememoração fornece elementos para uma identidade local. A frequência das cheias e a relação dos caienses com as mesmas geraram memórias coletivas e tornaram as enchentes traço de identidade cultural dos caienses. Não se tem a intenção de explicar as causas das enchentes; o objetivo deste artigo é analisar as memórias e representações sociais das enchentes, incluindo o estudo no campo da História Cultural do urbano, como propõe Pesavento (2002). A pesquisa é qualitativa e a fundamentação metodológica para o trabalho com História oral, através de entrevistas, foi buscada em Thompson (1992) e Alberti (2008). Foram entrevistados dez caienses entre 22 e 83 anos. O presente estudo foi desenvolvido a partir da percepção de que para parte dos caienses as cheias são vistas como um evento "natural" e como algo comum aos moradores afetados; para eles, as enchentes se tornaram parte da cultura local e marco identitário. O trabalho justifica-se pela inexistência de estudos sobre as cheias a partir de um viés cultural. A pesquisa com os caienses afetados pelas cheias traz subsídios para que se analise a lógica cultural específica desse espaço urbano, o imaginário das enchentes.

Biografia do Autor

Janice Roberta Schröder, Feevale

Mestranda em Processos e Manifestações Culturais pela Universidade Feevale,bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Luiz Antônio Gloger Maroneze, Feevale

Doutor em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor na Universidade Feevale.

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