A “educação dos sentidos” em Bergson
uma leitura bergsoniana da descontinuidade em Hume à luz das ciências da cognição
DOI:
https://doi.org/10.4013/con.2025.213.16Palavras-chave:
Educação dos sentidos. Hume. Bergson. Continuidade. Descontinuidade.Resumo
Este artigo examina as concepções de continuidade e descontinuidade na experiência perceptiva em David Hume e Henri Bergson. Nele, tratamos dos conceitos em ambos os autores e apresentamos uma leitura bergsoniana de Hume. Sustentamos a hipótese de que a noção bergsoniana de “educação dos sentidos” — o papel ativo da corporeidade na harmonização sensório-motora — constitui um avanço em relação ao associacionismo humeano e se mostra coerente com achados recentes das ciências da cognição e das neurociências, hipótese que verificamos por comparação com experimentos recentes. Para tanto, realçamos o papel da corporeidade na cognição e investigamos sua consistência frente a uma perspectiva científica contemporânea. Para Hume, a descontinuidade — a interrupção entre percepções — é característica das percepções. O filósofo organiza a continuidade mediante relações associativas; Bergson atribui a descontinuidade às diferentes vias sensoriais do corpo e propõe que a continuidade perceptiva é obtida por uma “educação dos sentidos” vinculada ao movimento. Hume e Bergson, portanto, diferem em suas perspectivas sobre a continuidade e a descontinuidade perceptivas e nossa leitura bergsoniana da obra de Hume sugere uma explicação em consonância com as ciências mais atuais.Ademais, ambos os filósofos possuem características em suas filosofias que nos possibilitam compará-los com algumas perspectivas das ciências da cognição e das neurociências. A abordagem sistemática de Hume para a aquisição de conhecimento pode ser comparada aos estágios descritos pela doutrina ventricular do cérebro. Já Bergson adiantou uma questão importante sobre a relação entre a continuidade da imagem do próprio corpo, a ação motora e a continuidade da experiência perceptiva.
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