Encantos e desencantos na organização do recém-instalado município de Água Branca - PI (1954-1958)
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.v8i21.984Resumo
O presente artigo tem o objetivo de discutir como se deu a organização do município de Água Branca nos primeiros anos após a emancipação política. Para isso, partimos de dois tipos de fontes: o código de posturas do município (conjunto de medidas que visavam alterar o espaço da cidade e normatizar o comportamento dos habitantes) discutido nas atas de 1956 a 1958 e, o segundo, as narrativas dos nossos entrevistados sobre a emancipação política, onde percebemos que eles alimentaram expectativas com o que o município poderia lhes trazer. Analisamos as entrevistas a partir das ponderações de Verena Alberti (2005) e Paul Thompson (1992) e as memórias levando em conta o conceito de memória coletiva de Maurice Halbwachs (1993), evidenciando que as falas de nossos entrevistados situam-se dentro do contexto social da época. Tais expectativas fazem parte da face sensível da cidade, uma vez que essa, como afirma Sandra Jatahy Pesavento (2007), além de materialidade é também sociabilidade e sensibilidade. Pensamos essa contradição no município de Água Branca entre Encantos e Desencantos por meio categorias conceituais de Representações e Práticas, respectivamente, de Roger Chartier (1988). Com isso, pudemos perceber que a criação do município envolveu também a criação de expectativas nos habitantes que nem sempre foram concretizadas.