Porto Alegre Imaginada. Cidade, Cartas de Amor e Poesia
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.v2i7.356Palavras-chave:
Arquivos pessoais, Cartas de amor, Imaginário urbano.Resumo
Pode-se estudar uma cidade a partir de seus dados oficiais, especialmente econômicos, de suas estatísticas, produzindo com isso uma seriação infindável de relações de inquestionável exatidão. Tais dados, certamente, muito informam; todavia, eles pouco ensinam, ao menos do ponto de vista das sensibilidades e das sociabilidades que afetam o nosso ethos urbano, essa identidade a partir da qual concebemos o espaço onde nos inserimos, vivemos, trabalhamos, amamos. A relação entre a cidade e os homens que a habitam, ou que apenas habitualmente a frequentam, vem sendo objeto de estudos, avaliações e perquirições acerca de sua natureza, inclusive do ponto de vista da História Cultural. Por outro lado, há lugar, não apenas para uma concepção dessa cidade como espaço real, mas ainda como plena de imaginários, de lugares onde a ficção acontece na interioridade dos sujeitos, exteriorizando-se depois mediante suas práticas. O artigo apresenta visões do espaço urbano de Porto Alegre, a partir de fontes epistolares. Tratam-se de três poemas e de duas cartas de amor escritas na década de 1920. Os documentos foram extraídos de um conjunto maior, fonte da dissertação de mestrado da autora intitulada Memória Social em Cartas de Amor: Sensibilidades e Sociabilidades na Porto Alegre de 1920, sob orientação da Dra. Nádia Maria Weber Santos. Escolheram-se, para elaboração deste artigo, trechos destes documentos, onde foram destacados relatos pessoais do remetente da correspondência, para colocar-se em relevo sua relação com o espaço urbano metaforizado pelas sensibilidades de um apaixonado.