A cidade não cala, ri: representações sobre a cidade em charges produzidas no Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.v2i7.352Palavras-chave:
Charges, Ditadura Civil-Militar, Rio Grande do Sul, Imagens.Resumo
Esta comunicação pretende analisar a forma como é representada a cidade em algumas charges produzidas no Rio Grande do Sul durante a Ditadura Civil-Militar. Utilizarei para isto o material levantado pela pesquisa Memória Visual da Ditadura no Rio Grande do Sul, realizada durante o ano de 2012 pelo Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP) com financiamento da Comissão de Anistia, através do Edital Marcas da Memória. Esta pesquisa resultou na publicação do livro Não Calo, Grito: Memória Visual da Ditadura Civil-Militar no Rio Grande do Sul. A charge é vista aqui como crônica e interpretação, já que, ao mesmo tempo em que documenta um determinado evento, ela apresenta um ponto de vista. Por estar inserida dentro de meio de comunicação (em geral o impresso), a charge apresenta tanto a opinião do artista que a produziu quanto a do meio no qual ela é divulgada, sendo o resultado do embate entre estes dois interesses. As charges que serão analisadas por esta comunicação apresentam três formas diferentes de representar a cidade: a cidade como cenário de eventos relacionados à repressão, a cidade como metáfora visual e a cidade como protagonista de eventos. No primeiro caso a cidade é apresentada como o lugar onde se dão determinados acontecimentos relativos à repressão, representando a sociedade civil brasileira. Devido às diferenças nas formas da repressão ao longo da ditadura, em determinados momentos representa-se a repressão nas ruas, e, em outros, afastada dos “olhos da cidade”. No segundo caso, a imagem da cidade é utilizada para representar o país ou a situação política. Já no terceiro, vemos a cidade sendo representada como vítima de um modelo econômico.