Transformações para uns, desocupação para outros: as reclamações da população nos jornais Correio do Povo e Diário de Notícias em Porto Alegre, 1928-1935
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.v2i7.348Palavras-chave:
Porto Alegre, Queixas e Reclamações, Transformações Urbanas, Jornais.Resumo
O presente trabalho traz a Porto Alegre do período de 1928 a 1935, com suas especificidades, que acarretaram transformações para uns e desocupações para outros. O objetivo dessa pesquisa é expor o cotidiano da população, através das reivindicações, das necessidades e das sugestões que estamparam a seção Queixas e Reclamações durante o processo de urbanização, parcelamento do solo e embelezamento do espaço da urbs. Os jornais pesquisados apresentaram por vezes uma linearidade na publicação de tal coluna, existindo, sim, diferenças em suas linhas jornalísticas e editoriais. Ou seja, em geral, os temas não se alteram entre si, apenas encontram-se, por vezes, evidências na composição e exposição destas queixas. O universo que compõe essas reclamações totalizaram 2.494 registros, sendo analisados 599 artigos, correspondentes ao jornal Correio do Povo, através das colunas Caixa Urbana, Microscopio e As Queixas do Público e, 1.895 do Diário de Notícias, com as seções A Cidade, O Publico Reclama, Ecos & Notas, Pontos de Vista, Queixas e Reclamações, Crônica do Dia e Carta á Direção. Os queixosos são moradores ou transeuntes expostos às ações do dia a dia, vítimas das más condições dos serviços públicos, de empresas ou companhias, assim como, de outros indivíduos, e que não dispunham de outro canal de comunicação para manifestarem suas insatisfações nos casos de omissão ou arbítrio desses agentes. A mídia impressa teve um peso substancial, visto que em suas folhas as narrativas da cidade tomam forma. Alimentando-se do substrato da ocorrência, seja ela pública ou privada, ela narra, em suas linhas, uma espécie de realidade a partir de textos e imagens, provocando práticas e representações que se desenrolam em novas realidades. A História e a Comunicação guardam cada uma suas especificidades, seus métodos e suas técnicas, que são utilizadas nas análises das mais diversas formas de discursos, em contrapartida, o foco de ambas permanece o mesmo, as ações humanas e os acontecimentos por elas implicados.