DE ELEOTÉRIOS A POTIGUARAS
A VERDADE SOBRE SI DO POVO ORIGINÁRIO QUE VIVE ÀS MARGENS DO RIO CATU NO NORDESTE BRASILEIRO
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.2023.1.18Resumo
A virada do século XX para o século XXI constitui um divisor de águas no perceber-se indígena do povo que vive às margens do Rio Catu. O estudo verifica como o discurso contra hegemônico revela a verdade sobre si dos povos originários. Vale-se de uma abordagem qualitativa com revisão narrativa e sistemática da literatura, observação participante, uso de tecnologias e realização de entrevistas. O dizer sobre si dos Potiguaras do Katu tem estreita relação com a recepção de visitantes inseridos no universo acadêmico. Não são apenas os agentes externos que vêm colaborando para a reescrita historiográfica sobre o povo do Catu, eles próprios vêm reescrevendo a verdade sobre si. Uma verdade que remete a saída do olhar cristalizado para indígena do século XVII. Tal processo soma-se às vozes latino-americanas no sentido de se buscar Estados Plurinacionais. No Brasil, dispositivos como o PL 490/2007 tem se colocado como um obstáculo para tal.
Referências
APOLINÁRIO, J. R., & Moreira, V. M. L. (2021). Diretório dos Índios entre recepções, traduções e novas operações historiográficas. Sæculum – Revista de História, 26(44), 281–289. https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n44.60290
BANIWA, G. d. (2006). O Índio Brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/indio_brasileiro.pdf
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico.
CARVALHO, M. R. de. (1987). Dicionário tupi (antigo) - português. Salvador: Empresa Gráfica da Bahia.
DIEGUES, A. C. (2008). O mito moderno da natureza intocada. (6a ed.). São Paulo: Hucitec.
ESCOLA MUNICIPAL INDÍGENA ALFREDO LIMA (EMIAL). (2018). Projeto Político Pedagógico. Goianinha: EMIAL.
ESCOLA MUNICIPAL INDÍGENA JOÃO LINO DA SILVA (EMIJLS). (2022). Projeto Político Pedagógico. Canguaretama: EMIJLS.
FERES JÚNIOR, J., Campos, L. A., Daflon, V. T., & Venturini, A. C. (2018). História da ação afirmativa no Brasil. In Feres Júnior, J., Campos, L. A., Daflon, V. T., & Venturini, A. C. (2018). Ação afirmativa: conceito, história e debates (p. 65–89). Rio de Janeiro: EDUERJ. https://doi.org/10.7476/9786599036477.0006.
FLICK, U. (2013). Introdução à Metodologia da Pesquisa. Porto Alegre. Penso.
FONTELLA, L. G. (2019). O conceito de etnogênese: o dinamismo histórico das identidades coletivas. Revista História Debates e Tendências, 20(1), 19–35. https://doi.org/10.5335/hdtv.1n.20.10409
FOUCAULT, M. (2010). O governo de si e dos outros: curso no Collége de France (1982-1983). São Paulo: Martins Fontes.
FOUCAULT, M. (2000). O que são as luzes? In: FOUCAULT, M. (2000a). Ditos & Escritos II – Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento (pp. 335-351). Forense Universitária.
FOUCAULT, M. (1999). Em defesa da sociedade curso no Collége de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes.
FOUCAULT, M. (1996). A ordem do discurso aula inaugural no Collége de France, 1970. (3a ed.). São Paulo: Edições Loyola.
GALEANO, E. (2004). Las venas abiertas de América Latina. Cidade do México: Siglo XXI editores.
GUERRA, J. G. (2009). Construindo outra história: do silêncio às múltiplas vozes indígenas do Rio Grande do Norte. In: Simpósio Nacional de História, XXV, Fortaleza/CE. Anais.... Fortaleza, Brasil: Associação Nacional de História. https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548772007_a85e687df64b980e0d5831f7c28f3515.pdf
HAESBAERT, R (2021). Território e descolonialidade: sobre o giro (multi)territorial/de(s)colonial na América Latina. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Niterói: Programa de Pós-Graduação em Geografía; Universidade Federal Fluminense. Libro digital, PDF. http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/se/20210219014514/Territorio-decolonialidade.pdf
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE DO RIO GRANDE DO NORTE (IDEMA). (2013). Plano de manejo - APAPU. Natal: IDEMA. https://drive.google.com/file/d/1IWOibX7Iym8x5YM2qfBxyW-yVXy6fUKi/view
KRENAK, A. (2019). Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras.
LATHER, P. (2013). Methodology-21: what do we do in the afterward? International Journal of Qualitative Studies in Education: QSE, 26(6), 634–645. https://doi.org/10.1080/09518398.2013.788753
LESSA, R. O. (2014). O sentido da etnografia fílmica compartilhada de Jean Rouch em “Crônicas de um verão”. Cadernos de arte e antropologia, 3(1), 91–102. https://doi.org/10.4000/cadernosaa.329
LOPES, F. M. (2005). Em nome da liberdade: as vilas de índios no Rio Grande do Norte sob o diretório pombalino no século XVIII. [Tese de Doutorado em História]. Universidade Federal de Pernambuco, Recife. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/7480
LOPES, F. M. (1999). As missões religiosas na Capitania do Rio Grande nos séculos XVII e XVIII. In Almeida, L. S. de, Galindo, M. & Silva, E. (edit.). (1999). Índios do Nordeste: temas e problemas. Maceió: EDUFAL. http://www.etnolinguistica.org/index:almeida-1999-indios
LIRA, D. R. de., Oliveira, J. P. F. de., Costa Filho, J. B., Pessoa, K. K. A., Alves, N. J. (2021). Canguaretama: cidade da gente: estudos regionais: anos finais. Fortaleza: Didáticos editora.
MEDEIROS, R. P. de. (2005). Bárbaras guerras: povos indígenas nos conflitos e alianças pela conquista do sertão nordestino colonial. XXIII Simpósio Nacional de História. Londrina - PR - Brasil: Associação Nacional de História. https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548206574_097ffb912f98b77ef3c48fd676516340.pdf
MENDES-DA-SILVA, W. (2019). Contribuições e Limitações de Revisões Narrativas e Revisões Sistemáticas na Área de Negócios. Revista de Administração Contemporânea, 23(2), 1–11. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2019190094
PAULA, T. do N. T. de. (2020). Terras do norte: a formação da capitania do Rio Grande (séculos XVI, XVII e XVIII). Contraponto - Revista do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil da UFPI, 9(1). https://revistas.ufpi.br/index.php/contraponto/article/view/11503/6590
PINHEIRO, E. M., Kakehashi, T. Y., & Angelo, M. (2005). O uso de filmagem em pesquisas qualitativas. Revista latino-americana de enfermagem, 13(5), 717–722. https://doi.org/10.1590/s0104-11692005000500016
PEIXOTO, R. A. (2015). Por Deus, pela Pátria e pelo Rei – Os Holandeses no Rio Grande e a fabricação dos conceitos acerca do espaço na década de 1930. Revista De História Regional, 20(2). https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/8111
PEIXOTO, R. A. (2014). ‘Duas Palavras’: ’Os Holandeses no Rio Grande’ e a invenção da identidade católica norte-rio-grandense na década de 1930. Revista De História Regional, 19(1). https://revistas.uepg.br/index.php/rhr/article/view/6016
PREFEITURA MUNICIPAL DE CANGUARETAMA. (2019). Relatório circunstanciado sobre as atividades desenvolvidas no ano de 2018. Canguaretama: Prefeitura Municipal de Canguaretama. http://topdown.servehttp.com:8080/Transparencia/pmcanguaretama/docs/prestacaocontas/21%20Relatorio%20Circunstanciado%202018.pdf
PUNTONI, P. (1999). Apontamentos para o estudo da Guerra dos Bárbaros. In Almeida, L. S. de, Galindo, M. & Silva, E. (edit.). (1999). Índios do Nordeste: temas e problemas. Maceió: EDUFAL. http://www.etnolinguistica.org/index:almeida-1999-indios
RIO GRANDE DO NORTE. (2013). Projeto Integrado de Desenvolvimento Sustentável do Rio Grande do Norte –RN Sustentável: Marco Conceitual dos Povos Indígenas do RN. Natal: Governo do Estado do Rio Grande do Norte. https://www.governocidadao.rn.gov.br/smiv3/site/documentos/arquivo/5a93845dbf3bdbba95dac37b5a2115e6.pdf
SANTOS, M. do C. R. da C. F. dos (2018). O Constitucionalismo Pluralista do Bem Viver: a reação latino-americana ao paradoxo do desenvolvimento. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, 12(1). https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/15983
SANTOS, T. C. (2020). “Não há conflito se for feita releitura”: a experiência escolar dos Potiguara do Catu no contexto de convivência intercultural numa escola não indígena (Goianinha/RN, 2015-2019). [Dissertação de Mestrado Profissional em Ensino de História]. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/30047
SCHEYVENS, R., Carr, A., Movono, A., Hughes, E., Higgins-Desbiolles, F., & Mika, J. P. (2021). Indigenous tourism and the sustainable development goals. Annals of Tourism Research, 90(103260), 103260. https://doi.org/10.1016/j.annals.2021.103260
SILVA, C. M.M. da. (2007) ...Em busca da realidade... : a experiência da etnicidade dos Eleotérios (Catu/RN). [Dissertação de Mestrado em Antropologia Social]. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. https://repositorio.ufrn.br/jspui/handle/123456789/12251
SILVA, D. J. de S. (2016). Movimento indígena latino-americano: uma primeira revisão da literatura. Revista Geográfica Acadêmica, 10(2), 154–163. https://revista.ufrr.br/rga/article/view/3812
SILVA, V. A. da. (Vando). (2008). O Catu de ontem e de hoje. In Silva, V. A. da. (Vando). & Soares Filho, M. S. (Nascimento). (2008). Minha vida do passado e O Catú de ontem e de hoje: projeto Xilogravura Catú. Natal: Banco do Nordeste/Gráfica Manimbu.
SILVA, V. P. & Filgueira, P.V. S. (2020). Participatory rural appraisal to assess sustainability in the Catu indigenous community, Rio Grande do Norte, Brazil. Research, Society and Development, 9(7), 1-26. https://doi.org/10.33448/rsd-v9i7.3791
SOARES FILHO, M. S. (Nascimento). (2008). Minha Vida do Passado. In Silva, V. A. da. (Vando). & Soares Filho, M. S. (Nascimento). (2008). Minha vida do passado e O Catú de ontem e de hoje: projeto Xilogravura Catú. Natal: Banco do Nordeste/Gráfica Manimbu.
SUFICIER, D. M., Azadinho, M. P. M., & Muzzeti, L. R. (2020). Exigências legais para a atuação de professores nos anos iniciais do ensino fundamental (1996-2019). Revista on line de Política e Gestão Educacional, 1461–1473. https://doi.org/10.22633/rpge.v24i3.13597
SVAMPA, M. (2016). Extrativismo neodesenvolvimentista e movimentos sociais Um giro ecoterritorial rumo a novas alternativas? In: Dilger, G., Lang, M., & Pereira Filho, Jorge (Orgs.) (2016). Descolonizar o imaginário: debates sobre pós-extrativismo e alternativas ao desenvolvimento. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo.
OLIVEIRA, L. A. de. (2010). O teatro da memória e da história: alguns problemas de alteridade nas representações do passado presentes no culto aos mártires de Cunhaú - RN. Mneme - Revista De Humanidades, 4(08). https://periodicos.ufrn.br/mneme/article/view/168
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA (UNESCO). (2009). Declaração das Nações Unidas sobre os Povos Indígenas: perguntas e respostas. (2a ed.). Rio de Janeiro: UNIC; Brasília: UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000185079
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT). (2011). Convenção n° 169 sobre povos indígenas e tribais e Resolução referente à ação da OIT. (5a ed.). Brasília: OIT. http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Convencao_169_OIT.pdf
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Latino-Americana de História- UNISINOS
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelo (s) autor (es), dos direitos de publicação digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. O (s) autor (es) declara que, em caso de aceitação do artigo, a Revista Latino-Americana de História passa a ter os direitos autorais a ele referentes, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem a citação deste periódico como meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e acadêmicas, desde que citada a RLAH como fonte. Informamos que a revista possui a licença Creative Commons Attribution 3.0 License de direitos autorais.
