SEM OS ‘TAPUIAS’ NÃO SE CONQUISTA O SERTÃO
ATUAÇÃO MILITAR E NEGOCIAÇÕES DE FLECHEIROS, GUIAS E TRADUTORES KARIRI E TARAIRIÚ NAS EXPEDIÇÕES DE CONQUISTA DAS CAPITANIAS DO NORTE DO BRASIL NO SEC XVII
DOI:
https://doi.org/10.4013/rlah.2023.1.08Palavras-chave:
Indígenas., Protagonismo., militaresResumo
Neste trabalho buscamos a atuação militar dos Kariri e Tarairiú no processo de conquista dos interiores das capitanias do norte do Estado do Brasil no século XVII, procurando suas agendas políticas e suas estratégias de negociação a partir da leitura de seu engajamento nas estruturas militares coloniais. Considerando a máquina de guerra colonial como baseada fundamentalmente em serviços e habilidades indígenas, mas também em representações depreciativas desses atores sociais, buscamos observar as formas diversas de atuação militar indígena tornadas indispensáveis na expansão colonial, assim como as barganhas e negociações que esses atores construíram a partir da consciência da dependência que a estrutura militar tinha para com eles. Para tanto, procedemos a uma análise discursiva da correspondência administrativa entre diferentes instâncias do governo colonial do Estado do Brasil segundo o conceito de protagonismo indígena assim como repensamos a própria noção de conquista.
Referências
ALBUQUERQUE, J. E. de. 2006. Roulox Baro e o “país dos tapuias”. Representações acerca do gentio no Brasil do século XVII. Rio de Janeiro, RJ. Dissertação, UFRJ/ IFCS.
ALMEIDA, M. R. C. de. 2013. Metamorfoses Indígenas: Identidade e Cultura nas Aldeias Coloniais do rio de Janeiro. Rio de Janeiro, FGV.
ALMEIDA, M. R. C. de. 2017. A atuação dos indígenas na História do Brasil: revisões historiográficas. Revista Brasileira de História, v. 37, n. 75: 17-38.
ALMEIDA, M. R. C. de; OLIVEIRA, J. P. de. Prefácio. 2016. In: F. F. SOUZA; L. T. WITTMANN, Protagonismo indígena na história. Tubarão, SC; Erechim, RS, UFFS, pp. 07-14.
APOLINÁRIO, J. R. 2009. Ações multifacetadas dos Tarairiú nos sertões das capitanias do Norte entre os séculos XVI e XVIII. In: XXVII Simpósio Nacional de História - ANPUH, Fortaleza. Anais do XXVII Simpósio Nacional de História – ANPUH. V: 1.
APOLINÁRIO, J. R. 2013. A presença do povo Kariri no sertão da capitania da paraíba entre os séculos XVII e XVIII: primeiros contatos interétnicos, deslocamentos e iniciativas indígenas. In: XXV Simpósio Nacional de História - ANPUH, Natal. Anais do XXV Simpósio Nacional de História – ANPUH. V: 1.
BIBLIOTECA NACIONAL DOCUMENTOS HISTORICOS (BN-DH) https://bndigital.bn.gov.br/artigos/documentos-historicos/ . Documentos Históricos - 1648-1661. Correspondência dos Governadores Gerais: Conde de Castello Melhor, Conde de Athouguia, Francisco Barreto. Vol. 3 da série, vol I dos Docs. da BN. p 217-218. CARTA para o Capitão da Aldeia de Jaguaribe. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1928_00003.pdf Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL DOCUMENTOS HISTORICOS (BN-DH) https://bndigital.bn.gov.br/artigos/documentos-historicos/ . Documentos Históricos - 1648-1661. Correspondência dos Governadores Gerais: Conde de Castello Melhor, Conde de Athouguia, Francisco Barreto. Vol. 3 da série, vol I dos Docs. da BN. CA RTA para os officiaes da Camara desta cidade acerca da jornada do sertão. p. 254-255. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1928_00003.pdf Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL DOCUMENTOS HISTORICOS (BN-DH) https://bndigital.bn.gov.br/artigos/documentos-historicos/. Documentos Históricos - 1650-1668. Ordens, Regimentos, Provisões e Alvarás e Correspondência dos Governadores Gerais: Conde de Castello Melhor, Conde de Athouguia, Francisco Barreto, Alexandre de Souza, conde de Óbidos. Vol. 5 da série, vol III dos Docs. da BN. REGIMENTO que levou o Capitão-mor Domingos Barbosa Calheiros na Jornada do Sertão. p. 321-327. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1928_00005.pdf Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL-DOCUMENTOS HISTORICOS (BN-DH) https://bndigital.bn.gov.br/artigos/documentos-historicos/ . Documentos Históricos - 1648-1661. Correspondência dos Governadores Gerais: Conde de Castello Melhor, Conde de Athouguia, Francisco Barreto. Vol. 3 da série, vol I dos Docs. da BN. p. 228-229. CARTA para o superior da aldeia do Camamú. Disponível em: http://memoria.bn.br/pdf/094536/per094536_1928_00003.pdf Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL-PROJETO RESGATE (BN-PR) http://resgate.bn.br/docreader/docmulti.aspx?bib=resgate. CONSULTA do Conselho ultramarino ao rei d Pedro II sobre o requerimento do padre Miguel de carvalho, como tutor do capitão-mor dos índios de nação Porcaz, do sertão de Rodelas, Francisco Dias Mataroa, pedindo duas praças de soldados, uma para ele e outra para seu filho, Manoel Dias de Carvalho. 1698, novembro, 28, Lisboa. AHU_ACL_CU_015, Cx. 18Doc. 1764. Disponível em: http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=015_PE&pesq=Mataroa&pagfis=13354 Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL-PROJETO RESGATE (BN-PR) http://resgate.bn.br/docreader/docmulti.aspx?bib=resgate. CARTA Regia para o governador D João de Lencastre sobre a necessidade de apaziguar os índios Acaroazes, Mocoazes, Rodeleiros e os mais que infestam as povoações. AHU, Brasil, Bahia, 1699, outubro, 24, Lisboa, Doc 4227. Disponível em: http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=005_BA_LF&pesq=Acaroazes&pagfis=19217 Acesso em: 08623.
BIBLIOTECA NACIONAL-PROJETO RESGATE (BN-PR)http://resgate.bn.br/docreader/docmulti.aspx?bib=resgate. CERTIDÃO passada por Francisco Dias Davila, capitão de iinfantaria de ordenança e capitão mor da guerra, que se fez ao gentio barbaro Guerguez, e ora d epresente coronel de um regimento de ordenança, sobre os religiosos d S Franciisco que o acompanharam nas entradas que fez no rio são Francisco contra os indios. AHU_ACL_CU_005, Cx. 31Doc. 4010 a 4021. Bahia, 24 de julho de 1674. Doc. 4020. Disponível em: http://resgate.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=005_BA_LF&pesq=doc%204020&pagfis=18089 Acesso em: 08623.
BRUIT, H. 1992. O visível e o Invisível na Conquista da América. In: R. VAINFAS, América em Tempo de Conquista. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, pp- 77-102.
COSTA, F. A. P. da. 1985. Anais Pernambucanos. Vol. 1. Recife, Fundarpe.
FUJIMOTO, J. 2016. A Guerra Indígena como Guerra Colonial – As Representações e o Lugar da Belicosidade Indígena e da Antropofagia no Brasil Colonial (séculos XVI e XVII). são Paulo, SP. Tese, Universidade de São Paulo.
LOPES, F. M. 2003. Índios, Colonos e Missionários na Colonização da Capitania do Rio Grande do Norte. 1 Ed, Natal, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
MEDEIROS FILHO, O. 1999. Os Tarairiús, Extintos Tapuias do Nordeste. In: L. ALMEIDA; E. SILVA, Índios do Nordeste: Temas e Problemas. Maceió, Ed. UFAL.
MEDEIROS, R. P. 2000. O Descobrimento dos Outros: Povos Indígenas do Sertão Nordestino no Período Colonial. Recife, PE. Tese, UFPE.
MONTEIRO, J. M. 2001. Tupis, Tapuias e Historiadores: Estudos de História Indígena e do Indigenismo. Campinas, SP. Tese de Livre Docência, UNICAMP.
OLIVEIRA, A. J. de. 2017. Os Kariri-resistências à ocupação dos sertões dos Cariris Novos no século XVII. Fortaleza, CE. Tese, UFC.
ORLANDI, E. 1990. Terra À Vista – Discurso do Confronto Velho e Novo Mundo. Sao Paulo, Cortez.
OUDIJK, M; RESTALL, M. 2007. Mesoamerican Conquistadors in the Sixteenth Century. In: L. MATTHEW, M. OUDIJK, Indian conquistadors: indigenous allies in the conquest of Mesoamerica. Oklahoma, University of Oklahoma Press.
OUDIJK, Michel; RESTALL, Michaell. 2013. Conquistas de Buenas Palabras y de Guerra: Una Visión Indígena de la Conquista. México: Universidad Nacional Autónoma de Mexico. 2013.
PIRES, M. I. C. 2002. 'A Guerra dos Bárbaros': Resistência e Conflitos no Nordeste Colonial. Recife, UFPE.
POMPA, C. 2003. Religião como Tradução: missionários, Tupi e Tapuia no Brasil Colonial. Bauru, Edusc.
REIS, João José; SILVA, Eduardo. 1988. Negociação e Conflito – A Resistencia Negra no Brasil Escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
SANTOS, E. N. 2014. As conquistas de México-Tenochtitlan e da Nova Espanha. Guerras e alianças entre castelhanos, mexicas e tlaxcaltecas. História Unisinos, 18(2): 218-232.
SANTOS, F.; SANTOS, S. N. 2020. Os Payayá de Jacobina: Resistências e Negociações nos Sertões da Bahia (Séculos XVI-XVII). Pol. Hist. Soc., v. 19, n. 2: 160-174.
SANTOS, J. de S. 2009. Cariri e Tarairiú? culturas tapuias nos sertões da Paraíba. Porto Alegre, RS. Tese, PUC-RS.
SANTOS, Maria C. dos; FELIPPE, Guilherme G. (org.). 2016. Protagonismo Ameríndio Ontem e Hoje. Jundiaí: Paco Editorial.
SANTOS, S. N.. 2022. As Entradas Contra o ‘Gentio Bravo’ no Sertão da Capitania da Bahia (1651-1669). Revista de Historia-UFBA, v. 10: 1-19.
SILVA, E. 2007. História, memórias e identidade entre História, memórias e identidade entre os Xukuru do Ororubá. Tellus, 12, 89-102.
SILVA, G. 2008. Teias de Alianças, Lealdade e Dependência: Tabajaras e Potiguares AliadosAldeados na Capitania de Pernambuco. CLIO-revista de pesquisa histórica, 25, v 2: 187.
SILVA, K. V. . 2019. Agência Indígena na Conquista do Sertão: Estratégias Militares e Tropas Indígenas na ‘Guerra dos Bárbaros’ (1651-1704). Estudos Ibero-Americanos, v. 45, n. 02: 78-91.
SILVA, K. V. . 2020. Guerra Indígena como Guerra Colonial na América Portuguesa do sec. XVI: Táticas e Estratégias Tupi na Conquista da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Nuevo Mundo Nuevos Mundos [online]. Disponível em: http://journals.openedition.org/nuevomundo/81332 . Acesso em: 08623.
SILVA, K.V.. 2010. Nas Solidões Vastas e Assustadoras -A Conquista do Sertão de Pernambuco pelas Vilas Açucareiras nos Séculos XVII e XVIII. Recife, CEPE.
SILVA-REIS, D; BAGNO, M. 2018. A tradução como política linguística na colonização da Amazônia brasileira. Revista Letras Raras, v 7, n 2.
VIANA, W; FERREIRA, E. 2021. Canoas de guerra, canoas do sertão: protagonismo indígena na Amazônia colonial portuguesa. Revista acervo, v. 34, n. 2, p. 1-23.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Latino-Americana de História- UNISINOS
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelo (s) autor (es), dos direitos de publicação digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. O (s) autor (es) declara que, em caso de aceitação do artigo, a Revista Latino-Americana de História passa a ter os direitos autorais a ele referentes, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outra parte ou meio de divulgação, impressa ou eletrônica, sem a citação deste periódico como meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e acadêmicas, desde que citada a RLAH como fonte. Informamos que a revista possui a licença Creative Commons Attribution 3.0 License de direitos autorais.
