A tese do encéfalo colorido
DOI:
https://doi.org/10.4013/fsu.2021.221.10Resumo
Discute-se em um viés histórico e defende-se a “tese do encéfalo colorido”, ou fisicismo qualitativo forte. Esta tese foi proposta por Thomas Case (1888), em um contexto não materialista, e é próxima a visões exploradas por H. H. Price (1932) e E. Boring (1933). Usando o experimento mental do quarto de Mary, pode-se argumentar que fisicismo implica fisicismo qualitativo. O fisicismo qualitativo envolve três afirmações básicas: (i) internismo perceptivo e realidade dos qualia; (ii) fisicismo ôntico, caraterizado como uma descrição no espaço, no tempo e na escala; e (iii) identidade mente-encéfalo. Além disso, adiciona-se (iv) o estruturalismo na física e, distinguindo a presente versão daquelas sugeridas por H. Feigl e S. Pepper, (v) o realismo da descrição física. Apresenta-se o “argumento do neurocirurgião”, de porque a verdidão de um abacate percebido visualmente, que estaria presente no encéfalo como um atributo fisicoquímico, não seria visto como verde por um neurocirurgião que abra o crânio do observador. Compara-se esta corrente com duas visões próximas, os monismos russellianos (e schlickianos) e o pamprotopsiquismo (incluindo o panqualitatismo). Segundo o fisicismo qualitativo forte aqui apresentado, a vivência fenomênica de um quale q é idêntica a uma qualidade fisicoquímica q, que surge de uma combinação da (1) materialidade wassociada ao encéfalo e (2) da organização ou estrutura causal S dos elementos relevantes do encéfalo, incluindo nesta organização a estrutura do self: (Sw)q. A “lacuna explicativa” entre estados mentais e físicos migra para uma lacuna entre qualidades físico-químicas qe a materialidade organizada de uma região específica do encéfalo (Sw)q, e é vista como podendo ser coberta apenas por postulados não explicativos.
Palavras-chave:Tese do encéfalo colorido, fisicismo qualitativo, identidade mente-encéfalo, qualia, pamprotopsiquismo, sensório.
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