A pena e a narrativa

identidade, dor e suspensão do self entre Harry Potter e o sistema penal contemporâneo

Autores

  • Lara Passini Vaz-Tostes Unversidade Federal de Minas Gerais - UFMG

DOI:

https://doi.org/10.4013/con.2025.212.09

Palavras-chave:

Identidade narrativa. Punição. Ética. Literatura. Paul Ricœur.

Resumo

Este artigo propõe uma análise filosófico-narrativa do poder punitivo contemporâneo, a partir da articulação entre teoria da identidade narrativa de Paul Ricœur e formas simbólicas de imposição de identidade pelo sofrimento. Partindo da cena em que Harry Potter é forçado a reescrever frases na própria pele sob dor — como imposição autoritária de uma verdade que não reconhece —, discutimos como a narrativa punitiva moderna, exemplificada pelo sistema prisional, atua como suspensão do self: não apenas limitando a liberdade, mas interditando o direito de narrar-se. Utilizando aportes de Ricœur, Foucault, Judith Butler e estudos sobre memória e trauma, argumenta-se que a dor reiterada sem escuta não reabilita, mas cristaliza uma identidade imposta. Propõe-se, ao fim, uma ética da escuta e da palavra como possibilidade de resistência simbólica à narrativa única do crime e da culpa.

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Publicado

2025-08-27

Como Citar

PASSINI VAZ-TOSTES, L. A pena e a narrativa: identidade, dor e suspensão do self entre Harry Potter e o sistema penal contemporâneo. Controvérsia (UNISINOS) - ISSN 1808-5253, São Leopoldo, v. 21, n. 2, p. 139–149, 2025. DOI: 10.4013/con.2025.212.09. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/controversia/article/view/28436. Acesso em: 28 ago. 2025.