Sobre o ato de nomear

por um manejo [trans-]anarquista da linguagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4013/con.2024.203.03

Palavras-chave:

Nomeação. Cisgeneridade. Transexualidade. Ofensa. Trans-anarquismo.

Resumo

A partir da segunda metade do século XX, medicina e psiquiatria, em Europa e Estados Unidos, se dedicaram a descobrir a ‘verdade’ da transexualidade. Conceituou-se a transexualidade como uma categoria diagnóstica, em detrimento de um pressuposto ideal de corpo e sexualidade. Assim, a nomeação do corpo ideal se deu alinhada à noção de Eu moderno, natural, pré-discursivo, ao passo que o corpo trans se transformou em Outro. É no sentido da desnaturalização que emerge o conceito de cisgeneridade, fora das academias e a despeito de suas normativas. No Brasil, essa emergência se dá por conta dos movimentos transfeministas. A cisgeneridade se esconde por trás do que Viviane Vergueiro designa como “silêncio descritivo”: enquanto nomeia o Outro, o Eu se camufla por trás desse silêncio como uma natureza não-nomeada, porém continuamente reiterada. Ao ser designada enquanto tal, a cisgeneridade acadêmica comumente se recusa a reconhecer sua própria nomeação. Pretendo, como objetivo geral, relacionar as noções de silêncio descritivo, nomeação e autoridade científica, para sustentar três linhas argumentativas – a saber: que não há pré-discursividade; que a recusa em reconhecer a nomeação da norma denota a fragilidade das dicotomias entre o normal e o patológico; que a linguagem, por uma perspectiva [trans-]anarquista, é uma ferramenta disruptiva no próprio ato de nomear a norma. Como metodologia, mobilizo discussão bibliográfica entre autores anarquistas e críticos da modernidade/colonialidade.

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Publicado

2024-12-01

Como Citar

LATINI PFEIL, C. Sobre o ato de nomear: por um manejo [trans-]anarquista da linguagem. Controvérsia (UNISINOS) - ISSN 1808-5253, São Leopoldo, v. 20, n. 3, p. 36–51, 2024. DOI: 10.4013/con.2024.203.03. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/controversia/article/view/27519. Acesso em: 29 abr. 2025.