O instante impressivo-expressivo
Arte como pesquisa e como criação
DOI:
https://doi.org/10.4013/con.2022.183.05Palavras-chave:
Arte. Fenomenologia. Temporalidade. Impressão e expressão.Resumo
Este ensaio é uma tentativa de refletir fenomenologicamente em torno dos dois lugares-comuns recorrentes na compreensão teórica da produção artística: arte como pesquisa e arte como criação. O modo fenomenológico implica considerá-los não como meras concepções exteriores da experiência em causa em tal produção, mas, desde a sua própria interioridade, como possibilidades intrinsecamente ligadas e apenas artificialmente dissociadas de relação temporal do ser humano com o mundo. Tais possibilidades emanam de dois modos da temporalidade, pelo que caracterizamos a experiência artística em termos de uma restituição do compasso, da simultaneidade temporal, perdida pela atitude ordinária, não-artística, entre os momentos impressivo e expressivo da ação produtiva. Esta interpretação, por sua vez, possibilita visualizar conceitualmente a transformação temporal da relação com o mundo que permite passar da atitude ordinária à atitude fenomenológica frente à ação produtiva do ser humano. Nestes termos, a temporalidade específica da experiência de produção artística adquire as dimensões do instante impressivo-expressivo, dando acesso a uma dimensão experiencial da linguagem em que esta deixa de ser um mero veículo para a transmissão de informações, tornando-se potência para a instauração de mundos. Assim, mostra-se que a dupla determinação teórica da arte, a saber, como criação e como pesquisa, se fundamenta no fato de que, na experiência de produção artística, dá-se uma conjunção entre duas possibilidades temporais da percepção, que são dissociadas apenas a posteriori, em virtude da própria consideração teórica: o momento impressivo, que corresponde à pesquisa, e o momento expressivo, que corresponde à criação.
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