Estética da existência, parresia e jogo: uma leitura hermenêutica filosófica da arte contemporânea
Palavras-chave:
Estética. Hermenêutica. Jogo.Resumo
Este artigo trata dos elementos comuns entre os conceitos filosóficos de jogo hermenêutico gadameriano e de estética da existência e parresía foucaultianos, a partir dos quais propomos uma reflexão acerca das possibilidades hermenêuticas da experiência estética no contexto da arte contemporânea, tendo em vista o próprio movimento interativo realizado entre o sujeito e o objeto estético. Ao fundar a sua hermenêutica filosófica, Gadamer propõe uma abordagem conceitual por meio da qual a noção de jogo é um dos elementos constituintes do modelo estrutural que fundamenta as condições da compreensão enquanto modo próprio do existir humano. A abordagem foucaultiana de jogo ocorre por meio da sua reflexão sobre o conceito grego de parresía, atribuído à escola filosófica cínica, como possibilidade de produção de verdade. No contexto da hermenêutica filosófica, a experiência estética representa a abertura para a problematização da concepção de verdade objetificadora pretendida pelas ciências naturais. Por outro lado, Foucault propôs uma estética da existência vinculada à dimensão criativa da vida, a qual pode ser, pensamos, uma modalidade de produção de verdade, conforme a concepção foucaultiana de aleturgia implícita na noção de jogo parresiasta. As abordagens sobre o jogo realizadas por Gadamer e por Foucault possuem cada uma as suas especificidades filosóficas. No entanto, a articulação entre os conceitos de jogo hermenêutico, como paradigma de verdade, e jogo parresiasta, como produção de verdade a partir do cuidado de si, revela pressupostos para a reflexão hermenêutica da arte contemporânea como prática de transformação.Downloads
Referências
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