O ensino da língua materna: uma perspectiva sociolinguística

Autores

  • Gregory R. Guy
  • Ana M. S. Zilles

Resumo

A educação e a pedagogia adequadas devem se fundar numa apreciação acurada tanto da realidade psicológica da aquisição da linguagem, quanto da realidade social da comunidade em que se situa. Tomando-se práticas pedagógicas observadas nos Estados Unidos e no Brasil, discute-se o fato de que o ensino da língua materna nem sempre leva em conta este princípio, seja por desconsiderar o processo de aquisição da linguagem pela criança, seja por ignorar a variação lingüística pela imposição da língua padrão. Não menos importante, desconsidera-se que o que se chama de padrão é essencialmente a variedade da língua usada pelas classes sociais de alto prestígio e poder social. Embora se apresentem raciocínios históricos e pseudo-lógicos para defender ou justificar o padrão, estes se revelam falsos quando vistos cientificamente. Portanto, as tentativas de ‘ensinar’ as características do padrão costumam fracassar, particularmente quando são baseadas no falso pressuposto da superioridade desta variedade e num entendimento inadequado das diferenças lingüísticas. Tais tentativas resultam em estigmatização e humilhação das crianças que não falam o padrão em casa, e em sua alienação da escola; nisso a escola é cúmplice na manutenção da subordinação social de pessoas de classes humildes. A alternativa proposta é a de levar os alunos a uma apreciação da diversidade lingüística da sociedade e ao reconhecimento do padrão como uma variedade entre outras, apropriada a certas situações e propósitos sociais.

Palavras-chave: língua materna, língua padrão, aquisição da linguagem.

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Publicado

2021-05-27

Como Citar

Guy, G. R., & Zilles, A. M. S. (2021). O ensino da língua materna: uma perspectiva sociolinguística. Calidoscópio, 4(1), 39–50. Recuperado de https://revistas.unisinos.br/index.php/calidoscopio/article/view/5985

Edição

Seção

Artigos