Os direitos indígenas na Constituição Brasileira de 1988: da conquista aos atuais retrocessos
DOI:
https://doi.org/10.4013/rechtd.2022.143.09Abstract
International and domestic legal frameworks guarantee rights and special protections to Indigenous Peoples worldwide. In Brazil, relevant rights are enshrined in the 1988 Brazilian Constitution and in International Law, such as the right of Indigenous Peoples to control their ancestral lands and natural resources. All this promising legislation is an outstanding achievement of the indigenous peoples’ movement that came out as a result of the struggle against invisibility in Brazil. The end of 60’s and throughout the 70’s the world assisted a vibrant rise of organized groups of Natives and of supporters in many countries where they inhabited. In Brazil, Indigenous Peoples, who, until the 60’s, lived fragmented and isolated from each other, moved from a phase of political disarticulation to a phase of organized and unified movement capable of representing indigenous interests in the context of the country's redemocratization and the discussion of a new constitutional text. However, the legal achievements is still part of an endless struggle, as Brazilian government have been resisting to abide them. The article will analyze, on the one hand, the achievements of 1988 as the result of an intense process of political mobilization of Indigenous Peoples with the support of allied civil society sectors combined with a theoretical shift in colonialist conceptions of the inferiority of indigenous ways of life. On the other hand, it will discuss the main obstacles Indigenous Peoples have been facing to enforce the whole legal apparatus in the aftermath of the 1988 Constitution.References
ALMEIDA, M. R. C. de. 2010. Os Índios na história do Brasil. Rio de Janeiro, Editora FGV.
ALMEIDA, A. C. 2018. Aspectos das políticas indigenistas no Brasil. Interações, 19(3):611-626.
ANAYA, J. [UN Special Rapporteur]. 2009. Report of the Special Rapporteur on the situation of human rights and fundamental freedoms of indigenous people. A/HRC/12/34/Add.2. Twelfth session of the Human Rights Council. Disponível em: https://www2.ohchr.org/english/bodies/hrcouncil/docs/12session/A.HRC.12.34.Add.2.pdf . Acesso em: 22/08/22.
ARAÚJO, A. V. et all. 2006. Povos Indígenas e a Lei dos “Brancos: o direito à diferença. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=644-vol14povos-indigenas-pdf&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 22/08/22.
BAINES, S. G. 2014. Territórios indígenas ressignificados. In: 29a Reunião Brasileira de Antropologia, Natal/RN. Disponível em: http://www.29rba.abant.org.br/resources/anais/1/1401976123_ARQUIVO_bainesSimposioEspecial014.pdf Acesso em: 22/08/22.
BARBOSA, J. M. A.; FAGUNDES, M. G. B. 2018. Uma revoada de pássaros: o protagonismo indígena no processo Constituinte. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais (RBHCS), 10(20):175-196.
BECKER, S.; ROCHA, T. C. P. 2017. Notas sobre a “tutela indígena” no Brasil (legal e real), com toques de particularidades do sul de Mato Grosso do Sul. Revista da Faculdade de Direito UFPR, 62(2):73-105.
BELTRÃO, J. F.; OLIVEIRA, A. da C. 2014. Movimientos, pueblos y ciudadanías indígenas: inscripciones constitucionales y derechos étnicos en latinoamerica. In: J. F. Beltrão et al. (Coord.). Derechos Humanos de los Grupos Vulnerables. Barcelona, DHES. Red de Derechos Humanos y Educación Superior, p. 241-274.
BENATTI, J. H.; ROCHA, A. L. S.; PACHECO, J. dos S. 2015. Populações Tradicionais e o Reconhecimento de seus Territórios: Uma Luta Sem Fim. 7º Encontro da ANPPAS –Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós Graduação e Pesquisa em Ambiente e Sociedade. Disponível em: http://anppas.org.br/novosite/index.php?p=viienanppas. Acesso em: 22/08/22.
BERNARDI, B. B.; BRAGATO, F. F.; ALMEIDA, M. A. D. 2021. Crônica de Genocídios Anunciados: O Relatório de 1970 da Cruz Vermelha sobre os Povos Indígenas Amazônicos In: E. D. da Silveira, S. A. F. de Camargo (coord.). Socioambientalismo de Fronteiras. Dignidade em construção: um mosaico. Curitiba, Juruá, vol. VIII, p. 9-36.
BRAND, A. J. 1997. O impacto da perda da terra sobre a tradição kaiowá/guarani: os difíceis caminhos da palavra. Porto Alegre, Tese de Doutorado. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
BRASIL. 2014. Comissão Nacional da Verdade [CNV]. Relatório Volume II: Textos temáticos. Texto 5 - Violações de direitos humanos dos povos indígenas. Brasília: CNV, vol 2, p. 205. Disponível em: http://www.cnv.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_2_digital.pdf. Acesso em: 22/08/22.
CALAFATE, P. 2018. The Rights of the Indigenous Peoples of Brazil: Historical Development and Constitutional Acknowledgment. International Journal on Minority and Group Rights, 25(2):183-209.
CARVALHO, G. O. 2000. The Politics of Indigenous Land Rights in Brazil. Bulletin of Latin American Research, 19(4):461-478.
CAVALCANTE, T. L. V. 2016. TERRA INDÍGENA: aspectos históricos da construção e aplicação de um conceito jurídico. História (São Paulo), 35(75):1-22.
CIMI. 1987. A Verdadeira Conspiração contra os Povos Indígenas, a Igreja e o Brasil. Brasília, CNBB – CIMI. Disponível em: https://documentacao.socioambiental.org/documentos/J1D00099.pdf. Acesso em: 22/08/22.
COMISSION INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS (CIDH). 2010. Derechos de los pueblos indígenas y tribales sobre sus tierras ancestrales y recursos naturales : normas y jurisprudencia del sistema interamericano de derechos humanos. OEA/Ser.L/V/II. Doc. 56/09. Disponível em: http://www.oas.org/es/cidh/indigenas/docs/pdf/Tierras-Ancestrales.ESP.pdf. Acesso em: 22/08/22.
CUNHA, M. C. da. 2018. Índios na Constituição. NOVOS ESTUDOS CEBRAP, 112:429-443.
CURI, M. 2010. Os direitos indígenas e a Constituição Federal. Consilium - Revista Eletrônica de Direito, 4(1):1-17.
DEMETRIO, A.; KOZICKI, K. 2019. Transitional Injustice For Indigenous Peoples From Brazil. Rev. Direito Práxis, 10(1):129-169.
DHESCA. DIREITOS HUMANOS E POVOS INDÍGENAS NO BRASIL. 2017. Relatório da Relatoria de Direitos Humanos e Povos Indígenas da Plataforma de Direitos Humanos - Dhesca Brasil. Brasilia: Terra de Direitos. Disponível em: https://fianbrasil.org.br/relatorio-da-relatoria-de-direitos-humanos-e-povos-indigenas-da-plataforma-dhesca/ Acesso em: 22/08/22.
FAUSTO, B. 1995. História do Brasil. 2 ed. São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, Fundação do Desenvolvimento da Educação.
FERNANDES, P. 2016. Povos indígenas, segurança nacional e a Assembleia Nacional Constituinte: as Forças Armadas e o capítulo dos índios da Constituição brasileira de 1988. Revista InSURgência, 1(2):142-175.
HUMAN RIGHTS WATCH. 2019. Rainforest Mafias. How Violence and Impunity Fuel Deforestation in Brazil’s Amazon. Disponível em: https://www.hrw.org/sites/default/files/report_pdf/brazil0919_web.pdf. Acesso em: 23/08/022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 2010. Censo Demográfico 2010: características gerais dos indígenas. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro. Disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/indigenas/indigena_censo2010.pdf. Acesso em: 22/08/22.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). 2016. Atlas Nacional Digital do Brasil 2016. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional/. Acesso em: 22/08/22.
INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). 2022. Localização e extensão das TIs. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Situação_jur%C3%ADdica_das_TIs_no_Brasil_hoje. Acesso em: 22/08/22.
LACERDA, R. F. 2018. Os povos indígenas e a Constituinte (1987-1988). Brasília, Ed. CIMI.
LIMA, A. C. de S. 1992. O governo dos índios sob a gestão do SPI. In: M. C. da Cunha (org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, p. 155-174.
LOPES, D. B. 2014. O direito dos Índios no Brasil: a trajetória dos grupos indígenas nas Constituições do país. Espaço Ameríndio, 8(1):83-108.
LUCIANO, G. J. dos S. 2006. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional.
MENDES JUNIOR, J. 1921. Os Indigenas do Brazil. Seus Direitos Individuaes e Politicos. Sao Paulo, Typ. Hennies Irmaos. Disponível em: https://archive.org/details/OsIndigenasDoBrazilSeusDireitosIndividuaesEPolticos/page/n7. Acesso em: 22/08/22.
OLIVEIRA, M. M. 1993. Fontes de informações sobre a Assembléia Nacional Constituinte de 1987: quais são, onde buscá-las e como usá-las. Brasília, Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas. Disponível em: https://www.senado.leg.br/publicacoes/anais/constituinte/fontes.pdf. Acesso em: 22/08/22.
PACHECO DE OLIVEIRA, J. 2006. A presença indígena na formação do Brasil. Brasília, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad)/LACED/Museu Nacional.
PERRONE-MOISÉS, B. 1992. Índios livres e índios escravos: os princípios da legislação indigenista do período colonial (séculos XVI a XVIII). In: CUNHA, M. C. da (org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, p. 115-132
RIBEIRO, D. 1986. Os índios e a civilização. A integração das populações indígenas no Brasil Moderno. 5 ed. Petropolis, Vozes.
SILVA, J. A. da. 2018. Parecer. In: M. C. da Cunha (Org.). Direitos dos Povos Indígenas em Disputa. São Paulo, Editora Unesp.
SOBREVILA, C. 2008. The Role of Indigenous Peoples in Biodiversity Conservation The Natural but Often Forgotten Partners. Washington, D.C., THE WORLD BANK. Disponível em: https://siteresources.worldbank.org/INTBIODIVERSITY/Resources/RoleofIndigenousPeoplesinBiodiversityConservation.pdf. Acesso em: 22/08/22.
SOUZA FILHO, C. F. Marés de. 1998. As Novas Questões Jurídicas nas Relações dos Estados Nacionais com os Índios. In: Apresentação no Seminário Bases para uma nova política indigenista, Rio de Janeiro. Disponível em: http://laced.etc.br/site/arquivos/05-Alem-da-tutela.pdf Acesso em: 22/08/22.
SOUZA FILHO, C. F. M. de. 1992. O direito envergonhado (O direito e os índios no Brasil). Revista IIDH, 15:145-165.
SURVIVAL INTERNATIONAL. 2019. What Brazil’s President, Jair Bolsonaro, has said about Brazil's Indigenous Peoples. Disponível em: https://www.survivalinternational.org/articles/3540-Bolsonaro Acesso em: 22/08/22.
TAULI-CORPUZ, V. [UN Special Rapporteur]. 2016. Report of the Special Rapporteur on the rights of indigenous peoples on her mission to Brazil. A/HRC/33/42/Add.1. Thirty-third Session of the Human Rights Council. Disponível em: http://unsr.vtaulicorpuz.org/site/index.php/en/documents/country-reports/154-report-brazil-2016 Acesso em: 22/08/22.
_____. 2019. Jair Bolsonaro’s stance on indigenous people is ‘discriminatory and racist. Disponível em: http://unsr.vtaulicorpuz.org/?p=2680 Acesso em: 22/08/22.
THE GUARDIAN. 2019. Indict Jair Bolsonaro over indigenous rights, international court is urged. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2019/nov/27/jair-bolsonaro-international-criminal-court-indigenous-rights Acesso em: 22/08/22.
VERDUM, R. 2009. Povos Indígenas no Brasil: o desafio da autonomia. In: R. Verdum (org.). Povos Indígenas: Constituições e Reformas Políticas na América Latina. Brasília, Instituto de Estudos socioeconômicos, p. 91-112.
YRIGOYEN FAJARDO, R. Z. 2009. Aos 20 anos da Convenção 169 da OIT: balanço e desafios da implementação dos direitos dos Povos Indígenas na América Latina. In: R. Verdum (org.). Povos Indígenas: Constituições e reformas Políticas na américa Latina. Brasília: Instituto de Estudos socioeconômicos.
Downloads
Published
Issue
Section
License
I grant the journal RECHTD the first publication of my article, licensed under Creative Commons Attribution license (which allows sharing of work, recognition of authorship and initial publication in this journal).
I confirm that my article is not being submitted to another publication and has not been published in its entirely on another journal. I take full responsibility for its originality and I will also claim responsibility for charges from claims by third parties concerning the authorship of the article.
I also agree that the manuscript will be submitted according to the journal’s publication rules described above.