Personagens, espaço, leis e tempo: as polarizações que regem as narrativas reconhecidas como escândalos

Autores/as

  • Clara Câmara

Palabras clave:

polarizações, escândalos políticos, narrativa

Resumen

Neste artigo, propomos compreender a polarização – ou polarizações – como parte de uma política narrativa, um emaranhado de estratégias narrativas que são apropriadas pelo jornalismo para narrar suas visões de mundo. E, para expor esse entendimento, partimos da análise de narrativas jornalísticas que estimulam a ideia de escândalo político. A partir desse entendimento, apresentamos um movimento específico de enxergar as polarizações, propondo quatro polarizações que nos auxiliam a compreender essas narrativas ditas escandalosas: a) a polarização personalista/partidária, b) a democrática/caótica, c) a legal/informal e d) a fantástica/ordinária. Ao acenar para a validade desse movimento, espera-se reforçar que, ao ser vista como parte dessa política narrativa que abarca o sentido de “mentalidade”, a própria noção de polarização
precisa ser revisitada. Abandona-se seu caráter intrinsecamente dual e literal e passa-se a vê-la como um processo narrativo, constituidor de sentidos – como os que auxiliam a fundar a ideia artificial de escândalo político.

Citas

AUTOR, XXXX.

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Publicado

2020-10-26

Cómo citar

CÂMARA, C. Personagens, espaço, leis e tempo: as polarizações que regem as narrativas reconhecidas como escândalos. Questões Transversais, São Leopoldo, Brasil, v. 8, n. 15, 2020. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/questoes/article/view/18627. Acesso em: 29 abr. 2025.