Chamada de Artigos para o Volume 29 (1) Janeiro/Abril 2025
Fronteiras, espacialidades e memórias em tempo de conflitos (séculos XX e XXI)
Organizadores:
Profa. Dra. Ángeles Castaño Madroñal (Universidad de Sevilla)
Prof. Dr. Jiani Fernando Langaro (Universidade Federal de Goiás)
Ementa:
Fronteiras, espacialidades e memórias: extensos debates nas ciências humanas já tentaram dar conta das especificidades de cada um desses conceitos, que se complexificaram ainda mais na passagem do século XX para o XXI. As fronteiras sempre foram compreendidas como produto da história, entretanto, por muito tempo se entendeu que simples tratados diplomáticos poderiam estabelecê-las, esquecendo-se da dimensão complexa que envolve culturas e relações sociais em zonas limítrofes. As espacialidades, por seu turno, já foram consideradas o terreno primordial da geografia, ao passo que atualmente grandes contribuições também têm sido dadas pela antropologia e história. A tônica do debate tem sido como as pessoas lidam e significam as diferentes escalas espaciais, como territorializam e constroem identidades em conexão com distintos espaços. A presente proposta busca promover o debate e a divulgação de resultados de pesquisas que pensam de forma mais contemporânea tais questões. Nos interessa trabalhos que problematizam como cidadãos fronteiriços significam à sua maneira as fronteiras, sejam elas nacionais, regionais ou simbólicas; como essas pessoas lidam (à sua maneira) com as espacialidades e como as reelaboram, individualmente ou por meio de práticas sociais e culturais coletivas. Por fim a memória, conceito central para muitas pesquisas desenvolvidas nas distintas disciplinas das humanidades, nos auxilia a enfeixar a proposta. Isso porque nos interessa também pensar como fronteiras e espacialidades são lembradas e relembradas, como recordações são transformadas ou cristalizadas nos processos de demarcações espaciais e fronteiriças. Para tanto, toma-se como lócus de análise os processos ocorridos em países da América Latina, África, Ásia e Europa, especialmente em/entre países e regiões cujas fronteiras foram e são efervescentes ao longo de todo o período de recorte desta proposta, as quais foram palco de conflitos internacionais e de intensa mobilidade humana. Enfim, espera-se um profícuo debate interdisciplinar sobre os temas propostos e a construção de uma visão inovadora para a tríade conceitual-chave deste dossiê.
Tendo-se em vista essas questões, propomos os seguintes eixos de reflexão:
- Fronteiras em tempos de globalização: a emergência de um cenário geopolítico multipolar se manifesta na reabertura de velhos conflitos sobre territórios disputados na agenda colonial que pareciam encerrados desde meados do século passado.
- Espaços fronteiriços-espaços habitados: as sociedades construídas nas fronteiras conservam uma relação sócio-histórica, contextualizada e identitária em um meio caracterizado pelas múltiplas facetas que conformam a experiência de limiaridade interestatal e o fato nacional. Nos interessam aqui as formas de adoção dos processos de transculturação e interculturalidade enquanto dinâmicas adaptativas que têm dado sentido às formas de habitar transfronteiriças.
- Memórias das migrações e deslocamentos nas fronteiras: os conflitos dos séculos XX e XXI têm produzido importantes movimentos migratórios e deslocamentos forçados. Interessa-nos trazer para reflexão a memória local dessa experiência em que as populações fronteiriças têm jogado e jogam em um papel histórico e político.
Envio de Artigos:
De 01 de Julho de 2024 a 31 de Outubro de 2024