“Elas são muito emotivas”: representações de gênero, emoções e trabalho no discurso jornalístico
DOI:
https://doi.org/10.4013/fem.2016.182.06Resumo
Neste artigo, são analisadas as concepções de gênero presentes em matérias jornalísticas sobre mulheres e trabalho. O objetivo é compreender como a mulher vem sendo representada por esses produtos midiáticos e que subjetividades estão sendo engendradas por esses discursos. A partir desse entendimento, são articuladas chaves teóricas e metodológicas dentro do campo comunicacional para pensar a relação entre o espaço midiático e os papéis de gênero na contemporaneidade. O corpus de análise é constituído pelas reportagens sobre mulher e trabalho publicadas, entre 2010 e 2013, nas revistas Época e Você S/A Edição para Mulheres, veículos selecionados por sua relevância no país. Como metodologia, utilizo a análise do discurso de inspiração foucaultiana, amparada por um quadro teórico que mobiliza os estudos de gênero, com base no diálogo entre Simone de Beauvoir e Judith Butler, o conceito de jornalismo de autoajuda em Freire Filho e as relações entre os papéis generificados e o trabalho, a partir de Dennis Mumby e Marcia Veiga. Os resultados apontam a centralidade das emoções na separação e na hierarquização das performances de gênero: as mulheres são caracterizadas como seres emocionais, enquanto a masculinidade é associada à razão. As relações de poder que permeiam a construção dessas representações são invisibilizadas nas reportagens, que retiram do campo da cultura a produção das subjetividades masculinas e femininas, inscrevendo-as na ordem da natureza. Enfim, as reportagens orientam o manejo dessas aptidões generificadas, de forma a maximizar a performance no trabalho, produzindo subjetividades conformadas aos interesses do capitalismo neoliberal.
Palavras-chave: gênero, emoções, trabalho, jornalismo, discurso.
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