Regimes de verdade na pandemia de Covid-19: discursos científicos e desinformativos em disputa no Youtube

Autores

  • Marcelo Garcia Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
  • Simone Evangelista Cunha Universidade Federal Fluminense (PPGCOM/UFF)
  • Thaiane Oliveira Universidade Federal Fluminense (PPGCOM/UFF)

DOI:

https://doi.org/10.4013/fem.2021.232.08

Resumo

Apesar dos esforços para combater a desinformação em meio a um cenário de infodemia, o YouTube tem sido um espaço proeminente para a circulação de boatos, fake news e desinformação relacionados a Covid-19. Este artigo tem como objetivo contribuir, a partir da observação de discursos circulantes na plataforma no Brasil ao longo de 2020, para a compreensão do processo de produção social de sentidos sobre a pandemia. Buscamos especificamente compreender as disputas pela produção de “verdades” entre narrativas imprecisas e contraditórias e discursos científicos. Adotamos procedimentos metodológicos mistos, combinando análise de redes sociais e análise de conteúdo, para identificar a teia de relações estabelecidas entre vídeos em circulação no YouTube a partir da combinação entre os termos "Sars-Cov 2", “coronavírus” ou “Covid-19” ao termo "verdade". Investigamos ainda de que forma a autoridade epistêmica é acionada em seis produções de maior destaque do universo coletado. Concluímos que as mediações algorítmicas da plataforma são relevantes para a popularização de discursos alternativos às instituições hegemônicas nas disputas discursivas sobre a pandemia. O levantamento também aponta para a relevância de signos e símbolos de autoridade epistêmica “tradicional”, que por vezes parecem substituir a apresentação de evidências científicas produzidas acerca da doença no período analisado.



Palavras-chave: desinformação científica. YouTube. Covid-19. disputas epistêmicas.

Biografia do Autor

Marcelo Garcia, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Jornalista, formado na UFRJ e com mestrado em Informação e Comunicação e Saúde pela Fiocruz. Atualmente editor do Portal Fiocruz, pesquisa na área de internet e saúde, com especial interesse pela circulação de desinformação e boatos nas redes sociais em situações epidêmicas.

 

Simone Evangelista Cunha, Universidade Federal Fluminense (PPGCOM/UFF)

Pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Mestre e doutora em comunicação pela mesma instituição, pesquisa temas relacionados à cultura digital, entretenimento e política, com especial interesse pelas disputas e dinâmicas relacionadas ao YouTube.

Thaiane Oliveira, Universidade Federal Fluminense (PPGCOM/UFF)

Professora do  Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF). Coordenadora do Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação (CiteLab), com pesquisas sobre disputas sobre a informação científica em ambientes digitais.

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Publicado

2021-09-14

Edição

Seção

Dossiê