Emoções quotidianas e emoções éticas em Aristóteles e Heidegger

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DOI:

https://doi.org/10.4013/fsu.2020.212.11

Resumo

Este artigo estuda um aspeto da relação entre emoções e ética que é geralmente negligenciado no recente debate sobre emoções morais. Ao focar o contributo das emoções comuns ou quotidianas para o desenvolvimento de comportamentos ou atitudes morais, tal debate perde de vista o lado emocional da própria atitude ética e a forma como ela envolve emoções diferentes, especificamente éticas. Em contraste, tais emoções desempenham um papel importante no pensamento de Aristóteles e Heidegger. Como se mostrará, ambos identificam emoções que estão intrinsecamente ligadas à ética em sentido lato e são estruturalmente diferentes das emoções quotidianas. Além disso, ambos caracterizam os dois tipos de emoção de forma semelhante: enquanto as emoções quotidianas envolvem uma forma limitada de atividade e se referem a um domínio objetivo mais imediato, as emoções propriamente éticas resultam de uma forma superior de atividade e abrem para um domínio mais vasto ou até mesmo para realidade no seu todo, tendo assim um carácter metafísico. O estudo desta distinção e do que está implicado nela permitirá compreender melhor não só as emoções em geral, mas também a dimensão emocional da vida ética.

Palavras-chave: afeção, disposição, virtude, autenticidade, metafísica.

Biografia do Autor

Hélder Telo, Instituto de Filosofia da Nova (Universidade Nova de Lisboa)

Hélder Telo é atualmente membro integrado do Instituto de Filosofia da Nova (Universidade Nova de Lisboa). Doutorou-se em Filosofia na mesma universidade (2018) com uma tese intitulada The Unexamined Life on Trial: A Crucial Problem in Plato's Writings. Fez parte da sua investigação doutoral na Albert-Ludwigs-Universität Freiburg (onde integrou o grupo interdisciplinar SFB 1015 Muße/Otium) e no Boston College. Coeditou o livro In the Mirror of the Phaedrus (Academia, 2013) e publicou textos sobre Platão, Scheler e Heidegger. Trabalha também sobre Aristóteles, estoicos, Fichte, Kierkegaard, Nietzsche e Foucault. A sua investigação foca-se em questões como a filosofia como modo de vida, o desejo de verdade, o cuidado de si e dos outros, a amizade, o amor e as emoções em geral.

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Publicado

2020-08-07

Edição

Seção

Dossier