A aquisição da crença religiosa e a atribuição do delírio

Autores

  • José Eduardo Porcher Postdoctoral Research Fellow (PNPD/CAPES). Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Avenida Doutor Cristiano Guimarães, 2127, Planalto, 31720-300, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: jeporcher@gmail.com

DOI:

https://doi.org/10.4013/fsu.2018.193.15

Resumo

Meu objetivo nesse artigo é examinar a pergunta ‘Por que a crença em Deus não é um delírio?’. Na primeira metade do artigo, distingo entre dois tipos de crença religiosa: institucional e pessoal. Então, passo em revista ao modo como a ciência cognitiva dá conta de processos culturais na aquisição e transmissão de crenças religiosas institucionais. Na segunda metade do artigo, apresento a definição clínica de delírio e sublinho o fato de que esta isenta crenças culturais do diagnóstico clínico. Finalmente, exploro modelos cognitivos da atribuição intuitiva de transtornos mentais e como estes dão suporte à isenção cultural. Através da comparação dos modelos de aquisição cultural de crenças religiosas e de isenção cultural na atribuição do delírio, pretendo tornar claro que podemos prover uma resposta à questão que motiva essa investigação: ainda que algumas crenças religiosas institucionais pareçam tão estranhas quanto os delírios mais extravagantes, seres humanos reconhecem facilmente que estas não são produto de disfunção mental devido ao fato de que a sua aquisição e transmissão está embutida em um contexto cultural.

Palavras-chave: crença religiosa, delírio clínico, aprendizado cultural, folk psychiatry.

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Publicado

2018-12-18

Edição

Seção

Dossier