Capital e barbárie

Autores

  • Mauro Castelo Branco de Moura

Resumo

A modernidade, sobretudo em seu apogeu iluminista, ensejou a crença num devir auspicioso fundado, segundo Smith, no desenvolvimento das forças produtivas do trabalho [productive powers of labour]. Porém, ainda no século XVIII, em meio a um otimismo generalizado que se consagrou com a gênese da historicidade (entendida como “progresso”), já se insurgia Rousseau contra a crença na técnica como panacéia para a resolução dos problemas humanos. Marx demonstra que o capital é um poderoso estimulante ao desenvolvimento das forças produtivas, mas traz aparelhado em si a submissão estranhada do processo de reprodução social à valorização do valor [Verwertungs des Werts], com o quinhão de barbárie que lhe é imanente. O crescimento permanente e ilimitado da riqueza abstrata que carateriza o capital, figura apoteótica da tríade fetichóide (mercadoria, dinheiro e capital), só se pode consumar às expensas da subordinação da satisfação das necessidades (e da vida) humanas a seu desiderato. Destarte, ao produzir riquezas, sob a forma de valores de uso, o capital produz também miséria pelo seu próprio desenfreio e pelas tensões imanentes à valorização do valor.

Palavras-chave: capital, barbárie, Marx, crise, fetichismo.

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Publicado

2021-06-03

Como Citar

MOURA, M. C. B. de. Capital e barbárie. Filosofia Unisinos, São Leopoldo, v. 5, n. 9, p. 209–222, 2021. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/article/view/6556. Acesso em: 11 maio. 2025.

Edição

Seção

Artigos