A metafísica naturalizada de Saul Kripke

Autores

  • Rejane Xavier

Resumo

O artigo parte do exame das posições de Saul Kripke relacionadas com a semântica da lógica modal e conclui apontando para certas conseqüências epistemológicas e ontológicas das mesmas que, no nosso entender, são incompatíveis com a maneira como a ciência empírica de fato funciona e progride. Em torno do problema da identificação dos objetos através de diferentes mundos possíveis, Kripke é levado a desenvolver posições originais como as teses da fixação da referência independentemente do significado (no que se opõe a Frege) e da não coincidência entre verdades necessárias e a priori (no que se opõe a Kant). Para Kripke, é um tipo particular de conhecimento, o conhecimento científico, que determina o que deve ser considerado essencial, necessário. E os enunciados representando tais descobertas científicas a posteriori “não são - segundo ele - verdades contingentes, mas verdades necessárias no sentido mais estrito possível”. Assim, para Kripke, nosso conhecimento (científico) determina, sem distorções, as propriedades essenciais do real, o que faz com que sua ontologia seja diretamente função das descobertas da ciência empírica. Essa “naturalização da ontologia”, para a qual apontamos na conclusão, é incompatível com o reconhecimento da defeasibility dos nossos critérios semânticos ou científicos e sobrecarrega a empresa científica com um peso metafísico que ela própria não reivindica nem tem condições de suportar.

Palavras-chave: fixação da referência, necessidade a posteriori, ontologia naturalizada.

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Publicado

2021-06-04

Como Citar

XAVIER, R. A metafísica naturalizada de Saul Kripke. Filosofia Unisinos, São Leopoldo, v. 8, n. 2, p. 138–145, 2021. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/article/view/5817. Acesso em: 11 maio. 2025.

Edição

Seção

Artigos