A enação da identidade mestiça em Pedro Páramo
transgressão como cuidado da alma corporificada
DOI:
https://doi.org/10.4013/fsu.2025.262.11Palavras-chave:
Pedro Páramo, cognição incorporada, Aristóteles, identidade mestiça, transgressão.Resumo
Pedro Páramo (1994 [1955]), de Juan Rulfo, é uma das obras mais emblemáticas da literatura mexicana e ocupa um lugar de destaque no cânone global do século XX. Apesar do amplo espectro de possibilidades interpretativas que oferece, há pouquíssimos estudos desta importante obra sob a perspectiva da cognição incorporada. Este artigo recorre ao vocabulário da filosofia contemporânea para abordar essa lacuna crítica, desconstruindo o conjunto de oposições binárias tradicionais articuladas por Rulfo, que inclui: corpo e mente, cognitivo e moral, imaginativo e perceptivo, místico e vivido, liberdade e responsabilidade, individual e social. Contudo, para fundamentar a relevância do aparato conceitual escolhido, retornamos a Aristóteles com o intuito de oferecer uma interpretação inovadora que também nos permita situar e correlacionar os projetos tanto universais (humanos) quanto particulares (mestiços) delineados pelo autor de Páramo. Demonstramos, por um lado, a utilidade das descrições universais aristotélicas sobre o ser humano e, por outro, suas limitações — notadamente o racionalismo e o otimismo — no contexto do mundo pós-colonial. Para modificar e expandir essa adaptação, refletimos sobre os movimentos específicos da alma mestiça, que privilegiam momentos corporificados de cognição e transgressão como formas próprias de cuidado da alma — uma alma que abarca aspectos individuais e socioculturais. Isso nos permite, por fim, abordar a questão de como se torna possível a enação e a mediação pós-logocêntrica da identidade mestiça.
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