O que é vagueza ôntica?

Resumo

Há ampla divergência entre os pesquisadores da vagueza, em filosofia, quanto ao que exatamente deve ser entendido por um objeto vago, ou por vagueza ôntica ou metafísica em geral. De fato, a própria inteligibilidade da noção de um objeto vago foi questionada por filósofos importantes no passado, indicando que a tarefa de encontrar uma caracterização coerente e filosoficamente fértil da noção não é simples. Este artigo visa a contribuir para esse empreendimento, identificando, examinando e comparando algumas das principais propostas encontradas na literatura. Sugere-se que devemos tentar caracterizar propriedades e relações vagas independentemente de qualquer posição particular sobre objetos vagos e, então, formular um critério para objetos vagos em termos de instanciação indefinida de propriedades nítidas. Mostra-se que essa abordagem facilita a avaliação de certas estratégias semântico-epistêmicas que negam a possibilidade de haver objetos vagos. Indica-se brevemente que se os objetos forem analisados com os recursos teóricos e conceituais da física quântica (e não da física clássica, como é feito ordinariamente), tais estratégias de negação da existência de vagueza ôntica ficam bastante fragilizadas.