Resenha crítica de “Negritude sem identidade: sobre as narrativas singulares das pessoas negras”. São Paulo: Editora N-1, 2023
DOI:
https://doi.org/10.4013/fsu.2025.262.13Palavras-chave:
identitarismo, modernidade, especismo, antiracismo, pragmatismo.Resumo
Embora Negritude sem Identidade, de Érico Andrade, apresente uma crítica instigante à modernidade e uma valorização da singularidade da experiência negra, a obra levanta sérias questões teóricas e políticas. O uso ambíguo e indefinido do conceito de “identidade” compromete a clareza argumentativa, especialmente quando Andrade propõe a renúncia à identidade como estratégia de resistência. Tal proposta ignora o papel central que a identidade desempenha na coesão política, jurídica e histórica de grupos minorizados. Ao abrir mão desse conceito por falta de fundamento ontológico, corre-se o risco de desarmar pragmaticamente tais grupos na luta por direitos, reconhecimento e proteção legal. Além disso, a obra negligencia a inter-relação entre racismo e especismo, ignorando como ambos compartilham a mesma lógica excludente da modernidade. A crítica de Andrade ao racismo moderno não se estende ao seu antropocentrismo, reforçando, mesmo que involuntariamente, um paradigma que desqualifica outros seres com base em critérios arbitrários de racionalidade. Por fim, ao enfatizar o corpo e a performatividade como núcleo da experiência negra, o autor pode incorrer no mesmo erro que critica: o achatamento da singularidade, reproduzindo estereótipos que associam a negritude exclusivamente à corporeidade, em detrimento da diversidade intelectual e existencial de pessoas negras.
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