Desinformação, negacionismo e a pandemia

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DOI:

https://doi.org/10.4013/fsu.2022.231.03

Resumo

Para qualquer tema sobre o qual não se é especialista, deve-se deferir a quem sabe mais. A deferência aos outros entra em conflito com expectativas de autonomia epistêmica e de divisão democrática do saber. Uma solução para esta tensão é ceder a estas expectativas, o que é equivalente a abandonar o conhecimento. Uma outra solução consiste em restringir seus efeitos a temas sobre os quais temos algum interesse prático. Esta proposta é instável, porque o interesse prático pode se estender a qualquer tipo de tema, em virtude do papel identitário de teorias. As pressões pela divisão simétrica do saber se opõem a um traço central da cultura humana: a produção cooperativa do saber. Um grupo humano sempre sabe mais do que cada um de seus membros e, para todo mundo, parte do que sabe o grupo permanece opaco. A recusa da divisão do trabalho cognitivo é uma das fontes do negacionismo. Três elementos que reforçam este efeito: o modo de circulação da informação na internet, o crescimento da desigualdade e o ataque da extrema-direita às instituições que produzem o conhecimento. A pandemia pede mais confiança em conteúdos opacos, ao mesmo tempo em que cria uma atmosfera de profunda desconfiança.

Palavras-chave: Epistemologia, divisão do trabalho cognitivo, negacionismo, pandemia.

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Biografia do Autor

Ernesto Perini-Santos, Universidade Federal de Minas Gerais

Professor do Programa de Pós-Graduacão da UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais

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Publicado

2022-04-05

Como Citar

PERINI-SANTOS, E. Desinformação, negacionismo e a pandemia. Filosofia Unisinos, São Leopoldo, v. 23, n. 1, p. 1–15, 2022. DOI: 10.4013/fsu.2022.231.03. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/filosofia/article/view/23397. Acesso em: 29 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos