TRADUÇÃO E ENUNCIAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA TRADUTÓRIA

Authors

  • Heloisa Monteiro Rosário Doutoranda e Mestre em Letras, na área de Estudos da Linguagem, pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especialista em Estudos Linguísticos do Texto e Licenciada em Letras (Português-Francês) também pela UFRGS. Professora de Francês do Instituto de Letras da UFRGS, ministra disciplinas de língua, cultura e tradução para os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Letras.
  • Patricia Chittoni Ramos Reuillard Bacharel em Letras (francês/alemão) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Mestre em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Professora-adjunta do Departamento de Línguas Modernas do Instituto de Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

DOI:

https://doi.org/10.4013/3

Keywords:

Tradução. Modelo PACTE. Teoria benvenistiana da enunciação. Competência leitora. Competência tradutória.

Abstract

Considerando que a competência tradutória não é algo inato, mas adquirido ao longo de um processo consciente e contínuo de formação, que vai do aprendiz ao profissional, este estudo, partindo da análise de exemplos de traduções do francês para o português feitas por alunos de Letras, em um contexto de ensino-aprendizagem, ou de exemplos extraídos de obras publicadas, debruça-se sobre a construção da competência leitora, que diz respeito à leitura para fins específicos de tradução. Apoia-se, para tanto, no modelo PACTE, que vê a competência tradutória como um conhecimento especializado, composto por conhecimentos declarativos e operacionais, que compreende as subcompetências bilíngue (conhecimento da língua de partida e de chegada), extralinguística (conhecimento de mundo), instrumental (conhecimento de fontes de documentação e de recursos tecnológicos), estratégica (conhecimento relacionado à operacionalização da atividade de tradução), conhecimentos teórico-práticos sobre a tradução, além dos componentes psicofisiológicos (aspectos cognitivos, tais como memória e capacidade de análise e síntese). A subcompetência bilíngue implica conhecimentos gramaticais, textuais, pragmáticos e discursivos nas línguas de trabalho; conhecimentos estes imprescindíveis à compreensão do texto de partida e à produção do texto de chegada. O estudo ancora-se, igualmente, nas noções de semiótico e semântico da teoria benvenistiana da enunciação, que, buscando o homem na língua, se interessa pela inscrição do sujeito na estrutura através de marcas específicas de tempo, espaço e pessoa mobilizadas pelo locutor a cada instância de discurso. Considera-se, desse modo, a língua não apenas como um sistema de signos (modo semiótico), mas como o sistema linguístico resultante da atividade do locutor em relação à língua (modo semântico). Defende-se portanto, neste estudo, a importância de um trabalho que relacione o modelo PACTE e uma reflexão enunciativa, nas aulas teóricas e práticas de tradução, de modo a desenvolver a competência leitora do aprendiz de tradução e, consequentemente, sua competência tradutória.

Published

2014-09-26