Litigância estratégica das Clínicas de Direitos Humanos no Supremo Tribunal Federal: análise a partir da ADPF 442

Autores

  • Taysa Schiocchet Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Mariana Silvino Paris Universidade de Brasília (UNB)
  • Juliane Ferreira Tidre Universidade Federal do Paraná (UFPR)

DOI:

https://doi.org/10.4013/rechtd.2023.151.08

Resumo

O presente artigo busca analisar a atuação das clínicas de direitos humanos em litigância estratégica de modo a identificar os aportes pedagógicos ao ensino do Direito no Brasil. O objeto de análise são as contribuições argumentativas oferecidas pelas clínicas na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, no Supremo Tribunal Federal, que discute a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com objetivo descritivo, de cunho jurídico-social, amparada nas técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, com foco no estudo de caso da ADPF 442, a partir das manifestações escritas (pedidos de habilitação e memoriais) e exposições orais na audiência pública apresentadas por cinco clínicas de direitos humanos. Os resultados obtidos permitem concluir que a atuação em litigância estratégica das referidas clínicas na ADPF 442 é caracterizada por inovações, porém parciais e não disruptivas, em relação ao modelo tradicional de ensino do direito, sobretudo no que tange à abordagem inclusiva que favorece a diversidade, bem como a atuação conjunta com outras organizações sociais de base.

Biografia do Autor

Taysa Schiocchet, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Professora Adjunta de Teoria do Direito e Direitos Humanos da Faculdade de Direito e PPGD da UFPR. Doutorado em Direito, com período de estudos doutorais na Université Paris I - Panthéon Sorbonne e na Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales (FLACSO, Buenos Aires). Pós-doutorado pela Universidad Autónoma de Madrid (UAM). Professora visitante da Université Paris X. Coordenadora da Clínica de Direitos Humanos da UFPR (CNPq). Advogada.

Mariana Silvino Paris, Universidade de Brasília (UNB)

Doutoranda e mestra em Direito pela Universidade de Brasília. Especialista em Políticas Públicas e Justiça de Gênero pelo Conselho Latinoamericano de Ciências Sociais (CLACSO). Advogada.

Juliane Ferreira Tidre, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Integrante da Clínica de Direitos Humanos da UFPR (CDH|UFPR).

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Publicado

2023-09-25

Edição

Seção

Artigos