Uma análise discursiva de representações da leitura manifestas em declarações de estudantes da EJA da UFSCar
Resumo
O presente artigo visa apresentar uma análise de representações da leitura que são compartilhadas entre alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos) da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), a partir de levantamento de dados obtidos com aplicação de questionário acerca do que leem e como leem. Nosso objetivo com a análise das respostas dadas ao questionário foi o de depreendermos de suas respostas informações acerca das práticas de leitura de que esses sujeitos se valem, bem como representações discursivas que circulam entre eles acerca do que é a leitura, do que é ser leitor, de qual é a importância do livro, de modo a compreendermos quais são os discursos sobre a leitura que constituem o imaginário sobre essa prática. Para tanto, a primeira etapa de nosso trabalho consistiu na elaboração e aplicação de um questionário. Em seguida, avaliamos as respostas obtidas, subsidiados teoricamente por alguns princípios da Análise do Discurso de linha francesa e da História Cultural da leitura, de modo a compreendermos que discursos constituem o imaginário sobre a leitura entre os pesquisados e que práticas de leitura declaram realizar, à luz desse imaginário. Pudemos constatar com a nossa análise que, embora não declarem ler os livros que formal e institucionalmente encontram-se no cânone cultural e nem afirmem se valer de práticas de leitura mais tradicionais e por isso legitimadas socialmente, os estudantes da EJA-UFSCar compartilham representações bastante positivas sobre a leitura e declaram-se leitores, ainda que, nessa condição, suas formas de apropriação dos textos não coincidam com aquelas dos leitores-modelo que eles próprios descrevem na resposta a perguntas sobre o que é ser um bom leitor. Essa ‘distância’ entre as práticas declaradas e aquelas idealizadas no que diz respeito à leitura deve ser conhecida e levada em conta pelos professores dessa comunidade leitora de modo a diminuir o fosso entre as representações idealizadas que impõem um modo de ser leitor e não condizem com as práticas cotidianas dos sujeitos, com suas condições sociais de exercício da leitura.
Palavras-chave: práticas de leitura, representações discursivas do leitor, Análise de Discurso, História Cultural, EJA.
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