Nas Laranjeiras: a viagem de Krishnamurti e Maritain ao Brasil e os conceitos de território e ritornello (1935-1936)
DOI:
https://doi.org/10.4013/hist.2023.272.12Resumo
Em 1935 e 1936, duas das maiores figuras do mundo religioso visitaram o Brasil, a Argentina e o Uruguai: o místico hindu Jiddu Krishnamurti, que havia sido apontado pela Sociedade Teosófica como o “Instrutor do Mundo”, mas que abandonara essa organização para divulgar uma mensagem de congraçamento, autoconhecimento e libertação pessoal; e o filósofo Jacques Maritain, o principal advogado no catolicismo do pluralismo religioso, do diálogo com a sociedade, da defesa da liberdade e da democracia. A aproximação entre os dois pensamentos não passou despercebida aos radicais: ambos sofreram ferozes críticas e perseguições por parte dos reacionários e fascistas católicos nos jornais, revistas, e nas ruas das cidades por onde passaram. Ainda hoje o espiritualismo de Krishnamurti e o pensamento maritainiano são apontados como embuste ou heresia por aqueles católicos; porém, as críticas desses grupos, aparentemente hegemônicos no catolicismo, foram combatidas de imediato e as ideias conciliadoras acabaram prevalecendo na década seguinte. Buscando compreender a convergência do pensamento maritainiano com os insumos de Krishnamurti e a aceitação inesperada dessas posições no Brasil, procuramos analisar correspondências, periódicos e outras fontes por meio dos insumos de Gilles Deleuze e Félix Guattari, com ênfase nos conceitos de território e ritornello, que procuramos reaproximar das concepções originais desses intelectuais. Entendemos que as passagens de Krishnamurti e Maritain instituíram a fertilização cruzada entre a teosofia e o catolicismo, acarretando, semeando possibilidade de inserção do catolicismo brasileiro no pluralismo, na democracia e na convivência ampla com outras religiões e as diversas ideologias políticas.
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