Estudo introdutório acerca do fetichismo
DOI:
https://doi.org/10.4013/4919Resumo
O presente artigo faz uma breve trajetória bibliográfica acerca da formação da estrutura perversa e, especificamente, como se configura em fetichismo. O termo, enquanto herança histórica, tem suas origens nos Três ensaios da teoria sexual (Freud, 1969a [1905]) freudiana. Neste texto, a sexualidade infantil tem caráter perverso, polimorfo, e o reflexo desta sexualidade se expressa em uma sexualidade adulta. Esta, por sua vez, deve percorrer o Complexo de Édipo, constituindo a base na qual se cristaliza, por intermédio dos resultados dessa elaboração, a origem da conduta sexual normal e perversa, que fornece todo o conteúdo para a experienciação do choque infantil na descoberta da inexistência fálica materna. Tal fato possibilita à criança, por meio do recalque, a resolução da identificação enquanto elaboração neurótica da castração. É com a recusa da castração que encontramos o núcleo das escolhas fetichistas como forma de defesa: a negação da falta do pênis na mulher-mãe, elegendo substitutos contra a angústia. O fetichismo resulta na manutenção dos vestígios mnêmicos do falo materno, ou da sua ilusão existencial. Por negação da castração, o menino elegerá um substituto como mecanismo de defesa e vitória, não contra qualquer pênis, mas, para o falo materno, que será o fetiche. O não interdito da figura paterna promoverá o desejo de transgredir a lei do pai, para impor a sua própria lei sob a anuência da mãe, que o coloca na posição fálica. Se esta relação assim se configura, pode-se dizer que o Édipo não teve efeito de metáfora paterna e funcionou parcialmente. Todavia, não é possível afirmar que a recusa à castração possa ser entendida como uma característica psicótica, pois o perverso não apresenta alteração da realidade, e certo grau de fetichismo está presente como uma conduta universal humana.
Palavras-chave: complexo de Édipo, castração, negação.Downloads
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