doi: 10.4013/ver.20083.01

Elementos para a análise da conversação na comunicação mediada pelo computador

Elements for conversation analysis in computer mediated communication

Raquel da Cunha Recuero1

raquel@pontomidia.com.br

O presente artigo tem como foco discutir elementos para a Análise da Conversação (AC) na Comunicação Mediada pelo Computador (CMC). A partir da definição das conversações em síncronas e assíncronas, seus elementos de análise, tais como dinâmica dos turnos, pares conversacionais e marcadores conversacionais são discutidos através de um referencial teórico e de exemplos empíricos. Finalmente, discutimos as diferenças e pontos em comum entre a conversação síncrona e assíncrona e como elas podem ser estudadas.

The following paper is focused on discussing elements for Conversation Analysis (CA) in Computer Mediated Communication (CMC). After defining conversations as synchronous or asyncronous, we discuss their analytic elements such as turn dynamics, conversational pairs, and conversational marks through a theoretical framework and empirical examples. Finally, we discuss the differences and common points between synchronous and asynchronous conversations and how they can be studied.

Introdução

Um dos elementos mais importantes para a compreensão dos processos de sociabilidade proporcionados pelas ferramentas de comunicação da Internet é a conversação entre os atores sociais. Isso porque é nestas conversações que são construídos os laços sociais que, por sua vez, vão gerar as chamadas redes sociais na Internet.

A conversação na Internet tem sido estudada principalmente em sua forma síncrona e nos diversos mecanismos através dos quais adquire contornos oralizados (Marcuschi, 2004; Oliveira, 2006; Carlos, 2008; Costa, 2008). No entanto, a conversação síncrona não é a única forma de conversação permitida pelos mecanismos da Comunicação Mediada pelo Computador (CMC).

Neste artigo, elencaremos alguns elementos utilizados pela perspectiva da Análise da Conversação (AC) na literatura correspondente e discutiremos esses elementos com exemplos empíricos2 de atores brasileiros na Internet. Nosso objetivo é discutir como esses elementos poderiam auxiliar no estudo da conversação mediada pelo computador oferecendo uma distinção para a conversação síncrona e assíncrona, bem como discutir também sua importância para a contextualização desses processos.

A Análise da Conversação como perspectiva teórico-empírica

A Análise da Conversação (AC) tem suas origens nas décadas de 60 e 70, quando preocupava-se essencialmente com a estrutura das conversações (Marcuschi, 2006, p.6). Nasce originária dos estudos da Etnometodologia e da Antropologia. Kerbrat-Orecchioni (2006) salienta que a perspectiva da AC, atualmente, é voltada para a descrição das interações verbais, e que se constrói enquanto perspectiva transdisciplinar, uma vez que se constrói a partir dos enfoques psicológico e psiquiátrico, etno-sociológico, lingüístico e filosófico (que também é apontada por Koch, 2007). Tal colocação aponta a necessidade de compreender a conversação também de uma perspectiva ampla e, especialmente, a sua inclusão diante das discussões sobre a Cibercultura no Brasil. Com efeito, o estudo da conversação não passa apenas pela compreensão da linguagem, mas fundamentalmente pelo aspecto paradigmático das estruturas dos signos que são negociados diante dessas novas formas de interação, que vão criar o contexto necessário para o estabelecimento das relações sociais. Mas o que é e como pode ser compreendida a conversação?

Marcusci (2006) explica que o objeto da AC são os processos conversacionais, focados na prática do dia-a-dia do ser humano. Para o autor, a conversação seria “uma interação verbal centrada, que se desenvolve durante o tempo em que dois ou mais interlocutors voltam sua atenção visual e cognitiva para uma tarefa comum” (p.15). Por conta disso, foca-se nas conversações ditas naturais, e em elementos não apenas verbais, mas entonacionais, paralingüísticos e contextuais. Assim, são elementos característicos da conversação as cinco práticas constitutivas de sua organização

(a) “interação entre pelo menos dois falantes
(b) ocorrência de pelo menos uma troca de falantes;
(c) presença de uma seqüência de ações coordenadas;
(d) execução em uma identidade temporal;
(e) envolvimento numa interação ‘centrada’” (Marcusci, 2006, p.15)

Observa-se que a proposta do autor, embora ele saliente que possa ser utilizada para casos como o de conversações telefônicas, é voltada para os atos interlocutórios da fala, pois é apenas no espaço da co-presença física que é possível a execução da identidade temporal. Vemos assim que, em princípio, a AC é vocacionada para o estudo da co-produção discursiva (Marcuschi, 2006), dos atos interlocutórios, do diálogo e da “linguagem em ação” (Koch, 2007).

No entanto, a preocupação com os novos gêneros de trocas lingüísticas mediados pela Internet também tem preocupado os teóricos3 com alguma freqüência, embora de forma mais focada nos processos síncronos (vide Herring, 1999) e no chamado “internetês”. No entanto, nem todas as conversações que são atualmente desenvolvidas na Internet acontecem do mesmo modo. Especialmente depois do aparecimento das ferramentas da chamada Web 2.04, quando a participação foi potencializada neste novo meio, faz-se necessário uma distinção entre as conversações ditas síncronas e assíncronas. Passaremos assim a discutir como a conversação pode ser constituída na rede e, após, como seus tipos diferentes podem ser percebidos.

A Conversação Mediada pelo Computador

Noblia (1998, online) explicita “é a comunicação estabelecida entre as pessoas através de um computador5”. O computador, assim, proporcionou ferramentas através das quais a comunicação pudesse se estabelecer. Essas ferramentas proporcionam espaços onde a linguagem escrita é oralizada (Recuero, 2001), onde novos marcadores conversacionais e marcas verbais são desenvolvidos (Oliveira, 2006), e onde construções lingüísticas específicas emergem e novos padrões de cooperação são estabelecidos. Mas como pode ser a conversação mediada pelo computador?

Herring (1996, p.3) argumenta que a linguagem da conversação mediada apresenta uma linguagem “digitada, escrita, mas rápida e informal como a linguagem falada”, que constitui a criação de elementos únicos, como o uso dos emoticons, elementos gráficos, léxicos especiais e acrônimos. Mas a autora ressalta que a linguagem da conversação não é homogênea e se manifesta através de diferentes estilos e gêneros, alguns, inclusive, determinados pela ferramenta tecnológica. A linguagem na mediação pelo computador é, portanto, uma “linguagem eletrônica” (Ko, 1996), fundamentalmente diferente das linguagens orais e escrita e, ao mesmo tempo, com elementos semelhantes a ambas. Örnberg (2003) e McElhearn (1996) afirmam que, por conta dessas características da conversação na Rede, justifica-se a aplicação dos princípios da AC para este tipo de conversação. December (1993) aponta ainda para o fato de que essas características “orais” do discurso na Internet implicam no fato de que o discurso não precisa ser baseado em um som para ter características orais e, portanto, para ser estudado pela AC.

A conversação mediada pelo computador apresenta alguns elementos diferenciais. Primeiro, é um tipo de comunicação que privilegia o anonimato, em detrimento da identificação. Assim, é comum que a própria linguagem e os contextos utilizados para a comunicação neste ambiente sejam apropriados pelos atores como elementos de construção de identidade (Donath, 1999; Herring, 1999; Boyd, 2007). Ela também proporciona um distanciamento físico entre os interagentes, mas funcionando, muitas vezes, como um tipo de comunicação semelhante à face-a-face, mas a distância (Reid, 1991). Outro elemento importante é a persistência. A conversação mediada pelo computador proporciona, também, que as interações persistam no tempo e possam ser acessadas em momentos temporais diferentes daquele em que foram emitidas (Boyd, 2007). Finalmente, essa conversação é um tipo de comunicação que ainda privilegia especialmente o texto, mais do que o som e o video (apesar de seu desenvolvimento em hipermídia, a maior parte das ferramentas de comunicação ainda é principalmente textual – vide por exemplo weblogs6, Twitter e Plurk7, Fóruns8, chats9, mensageiros10 e e-mails).

A mediação pelo computador, no entanto, impõe barreiras tecnológicas para a interação que a comunicação face-a-face não possui. Assim, para compreender como a conversação é estabelecida nesses ambientes, é preciso, também, compreender a ferramenta como meio. Herring (2002) explica que a Comunicação Mediada pelo Computador varia de acordo com a tecnologia na qual está baseada, ou seja, as formas de conversação são também determinadas pela ferramenta tecnológica através da qual estão baseadas. A maior parte das ferramentas de CMC disponíveis hoje e utilizadas pelos brasileiros, como explicamos, é focada na interação textual11. E as ferramentas textuais possuem limitações que influenciam as conversações como, por exemplo, a dificuldade do uso de linguagem não verbal e a dificuldade de negociação de turnos12 (ambas apontadas por Herring, 1999).

Reid (1991) em seu trabalho sobre o IRC13 aponta que a comunicação mediada pelo computador pode ser compreendida como síncrona ou assíncrona a partir de suas ferramentas. As ferramentas síncronas seriam aquelas que permitem uma expectativa de resposta imediata ou, em uma mesma identidade temporal, como as salas de chat. Seriam ferramentas que simulariam uma troca de informações de forma semelhante à uma interação face a face. Já nas ferramentas assíncronas, a expectativa de resposta não é imediata, mas alargada no tempo. Essas seriam ferramentas como o e-mail e os fóruns da Web. Murphy & Collins (1999) e Ko (1996) também fazem consideração semelhante, mas ressaltam que tais características podem decorrer do uso e não da ferramenta em si. Ou seja e-mails, por exemplo, apesar de ser um tipo de comunicação inicialmente assíncrona, podem ser utilizados de forma síncrona. Do mesmo modo, mensagens em um meio síncrono, como o MSN podem facilmente serem enviadas enquanto o usuário está deconectado, descaracterizando a sincronicidade da resposta. Assim, ferramentas como sites de redes sociais14 podem oferecer uma variedade de espaços de interação, que podem ser facilmente apropriados como síncronos ou assíncronos dependendo do momento e dos atores envolvidos15. Diríamos, portanto, que a sincronicidade é mais uma característica da apropriação do meio e menos uma característica da tecnologia.

Como o estabelecimento da conversação independe, na Internet, do espaço temporal compartilhado, trataremos, neste trabalho, a conversação na Internet como síncrona ou assíncrona, independentemente da tecnologia adotada, pois ambas as formas possuem as características enumeradas por Marcuschi (2006). A conversação síncrona seria aquela que se estabelece, normalmente, em um único espaço, onde as interações podem ocorrer em uma identidade temporal próxima, de forma semelhante à conversação face-a-face. Nesse tipo de conversação, as características enumeradas por Marcuschi (2006) são muito mais evidentes, já que os pares conversacionais são facilmente discerníveis, bem como o centramento da interação, e a identidade temporal (vide por exemplo, Negretti, 1999; Oliveira, 2006, dentre outros). Já a conversação assíncrona é aquela que acontece em um (ou mais) espaços, onde as interações ocorrem em uma identidade temporal alargada, mas que se assemelham às conversações na estrutura de trocas entre dois ou mais interagentes, mas cuja identidade temporal é alargada, podem ocorrer em vários espaços ao mesmo tempo (por exemplo, nos comentários de vários weblogs de uma mesma rede – vide Recuero, 2003), mas que estão centrados em um tópico (vide McElhearn, 1996; Noblia, 1998; De Moor & Efimova, 2004; Herring et. al 2005, dentre outros).

Há diversos estudos de conversação do tipo síncrono, que mostram que nessas apropriações, há a presença de elementos muito semelhantes às conversações offline. Já a conversação assíncrona possui estudos mais esparsos. Assim, passaremos a analisar os elementos que diferenciam e assemelham ambas, a partir da perspectiva da AC.

Conversação síncrona

A conversação síncrona é aquela que é caracterizada pelo compartilhamento do contexto temporal e midiático. Ou seja, são conversações que acontecem entre dois ou mais atores através de uma ferramenta de CMC, e cuja expectativa de resposta dos interagentes é imediata. Apesar deste tipo de conversação necessitar de ferramentas que possibilitem trocas imediatas, ela se organiza de formas bastante características.

a) Turnos

A primeira característica das conversações síncronas é a caracterização da organização conversacional. Sacks, Schegloff & Jefferson (1974) definem a alternância dos turnos como a base da compreensão da organização conversacional. Noblie (1998) ressalta outra característica importante: a administração dos turnos, na conversação mediada pelo computador, não é sempre realizada pelos interagentes. Os turnos podem ser administrados pelos softwares, o que determinaria parte da organização conversacional. No entanto, é igualmente freqüente a apropriação dos atores, criando formas diferentes para a organização da conversação. A conversação síncrona mediada pelo computador acontece, com bastante freqüência, de forma disrupta e descontínua. Dois interlocutores freqüentemente se engajam em uma conversação composta de diferentes tópicos e estrutura descontínua (Negretti, 1999) quando em um chat, por exemplo. Além disso, as ferramentas de conversação síncrona também permitem a presença de vários interlocutores ao mesmo tempo, o que aumenta a descontinuidade da conversação e a sobreposição na comunicação mediada pelo computador (Herring, 1999).

Em conversações síncronas através da Comunicação Mediada pelo Computador, a regra do “fala um por vez” (Kerbrat-Orecchioni, 2006; Marcuschi, 2006) não funciona exatamente como na conversação oral. É possível digitar uma resposta ao mesmo tempo que outros participantes e um mesmo interlocutor receber, em um único turno, várias respostas referentes a interações anteriores de uma variedade de outros interlocutores (Recuero, 2001). Os turnos, assim, não seguem o padrão de alternância pois é possível a um mesmo interlocutor falar por vários turnos e sobre assuntos diferentes (Herring, 1999). Além disso, pode acontecer da resposta de um ator, em um turno determinado, demorar (o interlocutor, por exemplo, ser desconectado do sistema). Tais fatos implicam em pares que se relacionam entre si, mas que não estão necessariamente dispostos em uma seqüência ordenada.

Por conta desses elementos, a coerência da conversação é complexa. Vários pares conversacionais16 (ou pares adjacentes) podem tomar forma e acontecer durante o mesmo período de tempo. Além disso, há também a necessidade de que os novos participantes consigam compreender a estrutura da conversação e suas regras intrínsecas que são, muitas vezes, estabelecidas de forma tácita entre os participantes para acompanhar esses pares (Herring, 1999).

b) Marcadores Conversacionais

Outros elementos frequentemente observados nas conversações síncronas são os marcadores conversacionais de sua estrutura informal e oralizada. Esses marcadores são elementos que ligam as unidades comunicativas em uma conversação (Marcuschi, 2006, p. 61). São elementos que auxiliam no andamento da conversação, indicando contexto, direcionamento, troca de turnos e etc. Marcuschi (2006, p.61) relaciona ainda os marcadores conversacionais a três tipos: (a) verbais; (b) não-verbais e (c) supra-segmentais. Na conversação síncrona, os marcadores conversacionais das trocas orais são reinscritos através da mediação pelo computador. Como a mediação é quase sempre textual, os marcadores da conversação mediada pelo computador são verbais. Nesta sessão, assim, discutiremos os marcadores mais freqüentemente observados pela literatura na conversação síncrona, bem como os substitutos paralingüísticos17 utilizados.

* Onomatopéias - As onomatopéias são utilizadas para simular sons da linguagem oral e para marcar elementos verbais e não verbais típicos das conversações orais. Esse uso foi documentado por diversos autores tais como Oliveira (2006), Negretti (1999); Örnberg (2003); Recuero (2002) etc.

Ator B 15:44 e aí, vais mandar?
Ator A 15:45 humm...eu vou ver se escrevo um legal p mandar
Ator A 15:45 de repente mando o q foi renegado pela revista
q tá pronto hehehehe18

No exemplo acima, vemos o uso de duas onomatopéias na conversação síncrona de um mensageiro instantâneo (em negrito). A primeira “humm” denota o som que as pessoas fazem ao pensar por alguns segundos no que dizer. A segunda “hehehehe” é típica para imitar o som do riso. Elas funcionam como complemento do que está sendo dito, acrescentando informações ao texto.

* Emoticons – Os emoticons são elementos gráficos utilizados para simular expressões faciais. Podem ser imagéticos ou textuais e são, normalmente, utilizados como um complemento à conversação, como forma de indicar humor, ações e mesmo elementos como ironia e sarcasmo. O uso desses elementos também é bastante documentado pela literatura (vide Reid, 1991; Recuero, 2001; Oliveira, 2006).

Na imagem acima (Figura 1) vemos um exemplo retirado do Plurk19, onde os usuários conversam utilizando apenas emoticons onde a figura animada aparece sorrindo e movendo o braço para cima e para baixo em uma ação comumente reconhecida como um sinal de “olá”. Vemos que o emoticon acrescenta não apenas um gesto, mas igualmente humor à conversação entre os atores.

* Léxicos de ação – São descrições de ação, escritas como parte do texto ou selecionadas de um arquivo determinado pelo programa (Oliveira, 2006 chama tais elementos de “expressões lexicais pré-configuradas” porque muitas são limitadas pelas ferramentas). São elementos que descrevem ao interlocutor aquilo que o outro está fazendo (por exemplo, “**Ator A lê o jornal”, bastante comum no IRC e em ferramentas como o Twitter, onde se estabelece o questionamento “o que você está fazendo”?) e também foram bastante documentados pela literatura (December, 1993; Reid, 1991; Recuero, 2001; Oliveira, 2006).

* Oralização e pontuação – Outros dois elementos utilizados na conversação síncrona textual são direcionados para a substituição dos elementos supra-segmentais (de caráter não verbal), tais como a entonação da voz na fala e os silêncios. A entonação é conseguida através da oralização da linguagem escrita, onde as palavras são escritas, muitas vezes, pelo modo como soam e não pela forma da lingua-padrão e pelo uso da pontuação. Negretti (1999) observou elementos semelhantes em seu estudo de webchats em lingua inglesa, inclusive demarcando elementos que são utilizados nas conversações síncronas em português, tais como o uso de três pontos (…) para conotar pausas e silêncios nos turnos da conversação. Outro elemento comum na conversação síncrona é a escolha pelo uso da língua falada em detrimento da língua escrita (Carlos, 2008). Elementos comuns na língua portuguesa falada no Brasil, mas não na escrita aparecem com freqüência como indicativos do caráter oral daquilo que está sendo escrito.

[17:04] >>ATOR B<< Como vai?
[17:04] tri
[17:04] e vc?
[17:43] [ATOR D] diz pra ela naum enxe... senaum ela ja sabe20

No exemplo acima, vemos a oralização (“naum” ao invés de “não”; “senaum” ao invés de “senão”) e o foco na linguagem oral em detrimento da escrita correta (“enxe” ao invés de “encher”, uma gíria comum para “incomodar”) e mesmo o uso de gírias regionais (“tri”, característico do Rio Grande do Sul para “bom” ou “bem”). Outra convenção observada (Murphy &Collins, 1997; Negretti, 1999; Recuero, 2001) é o uso de letras maiúsculas como forma de conotar que o interagente está gritando.

* Abreviações – O uso de abreviações como forma de agilizar a escrita já foi documentado por vários autores em lingua inglesa (vide Murphy & Collins, 1997). Essas abreviações também são utilizadas comumente nas conversações síncronas em português.

Ator C 11:22 mas tá blz... era mais por curiosidade... vai que tu tivesse algo, né?
Ator D 11:23 poisé…
Ator C 11:23 eu tenho que sair agora... um grande abraço! beijo!
Ator D 11:24 bj21

No exemplo, vemos o uso da abreviação “blz” (em negrito) em lugar da palavra “beleza”, comumente utilizada na linguagem falada como gíria para “tudo bem”, bem como “bj”, para “beijo”.

* Indicadores de direcionamento – Uma das formas de organizar os turnos quando em uma conversação síncrona com uma grande número de participantes é direcionar a fala nominalmente ao ator a quem ela se destina. Tal prática é comum na conversação oral, mas precisa ser apropriada na conversação síncrona mediada pelo computador. Esse indicador por aparecer já no software utilizado ou pode ser determinado pelos atores envolvidos na conversação.

(03:17:50) Ator G fala para Todos: ae meu MSN
(03:17:54) Ator D fala para Ator G: eai fmz
(03:17:57) Ator I. fala para Ator H: oii
(03:17:58) Ator J entra na sala...
(03:18:05) Ator I. fala para Ator G: posso ou não
(03:18:07) Ator G fala para Todos: atorg@hotmail.com22

No exemplo, vemos o direcionamento da fala no webchat UOL (em negrito). Embora o direcionamento seja uma facilidade do software, os atores o utilizam também como forma de organizar os turnos na conversação.

Conversação assíncrona

A conversação assíncrona é uma conversação que se estende no tempo, muitas vezes através de vários softwares. Com isso, o sequenciamento da conversação é diferente, pois está espalhado no tempo. Essas conversações já foram observadas por outros pesquisadores (vide Herring et al, 2005; Primo & Smaniotto, 2006; Efimova & De Moor, 2005). Essas conversações são, geralmente, perpetradas através de sistemas como os weblogs, fotologs, listas de discussão por e-mails, sites de microblogs ou mesmo, nos sites de redes sociais. Na conversação assíncrona, a reconstrução dos pares conversacionais é dificultada pois a ordenação é diferente no tempo (Herring, 1999). Ou seja, os atores envolvidos precisam de mais envolvimento para relacionar as mensagens com seus pares e compreender o seqüenciamento das mesmas. A conversação assíncrona, embora igualmente comum na CMC tem sido menos objeto de estudo do que a síncrona.

a) Turnos

A organização de turnos, na conversação assíncrona, dá-se normalmente através da regra de uma mensagem em cada turno (Herring, 1999). A regra do “fala um por vez” (Kerbrat-Orecchioni, 2006; Marcuschi, 2006) é mais observada, embora a sobreposição, embora já tenha sido relatada por diversos autores (McElhearn, 1996; Herring, 1999; entre outros). Além disso, a organização dos turnos não é imediatamente clara, uma vez que os participantes da conversação não estão, como na conversação síncrona, dividindo o mesmo espaço ou utilizando a mesma ferramenta ao mesmo tempo.

Como as ferramentas de CMC registram as mensagens dos interagentes, os participantes podem juntar-se à conversa e abandoná-la no decorrer do tempo. Assim, a organização dos turnos é igualmente disrupta e descontínua, pois vários tópicos e assuntos paralelos podem acontecer durante a conversação. Em listas de emails e foruns, por exemplo, os turnos costumam ser organizados dentro do mesmo espaço conversacional, que é a própria lista ou o próprio forum. Em outros sistemas, como os sites de redes sociais, no entanto, a organização dos turnos dá-se também através de vários espaços e não apenas em um único espaço. No caso dos Fotologs, por exemplo (Recuero, 2008), é comum que a conversa entre dois ou mais atores aconteça não apenas em um único fotolog, mas entre os fotologs dos participantes.

Fotolog 2 said on 6/15/08 9:23 PM …
to bem :)… vc anda sumida
e ai como tá?

Fotolog 3 said on 6/16/08 7:31 PM …
eu tô bem tbm (:
e aê tem novidades? ;*

No exemplo acima, vemos a seqüência de dois turnos conversacionais entre dois atores, representados pelos seus respectivos fotologs (Fotolog 2 e Fotolog 3). No entanto, cada resposta foi colocada em um fotolog diferente. Fotolog 2 respondeu, em seu turno, no espaço do Fotolog 3 e o Fotolog 3, por sua vez, responde no espaço do Fotolog 2. Dinâmicas semelhantes já foram observadas nos weblogs (Recuero, 2003; Jenkins, 2003; Primo & Smaniotto, 2006; De Moor e Efimova, 2004 entre outros) e em sites de redes sociais como o MySpace e o Facebook (Boyd, 2007). Trata-se portanto, de uma organização de turnos não apenas vertical, mas igualmente horizontal23, onde a conversação torna-se persistente dentro dos diversos sites que fazem parte da rede social (Recuero, 2003). Tal organização exige dos participantes não apenas a habilidade de compreender esses mecanismos, mas igualmente de reconhecer os espaços onde os turnos acontecerão dentro de uma mesma rede social.

Outra característica bastante diferenciada dos turnos da conversação assíncrona é sua migração entre diferentes ferramentas de Comunicação Mediada pelo Computador.

Fotolog 1 said on 12/12/07 7:02 PM …pode leva pra mim?
vamu sai???
ahuiahaiuhiuaH

Fotolog 16 said on 12/12/07 9:14 PM …posso posso,
tá no MSN ?
a gente marca direito por lá
vamo que vamo gatinha que eu to encapetada (666)
sakjslajkslaa

Como se vê no exemplo, a conversação entre os dois atores migra para o MSN e torna-se síncrona. Neste caso, a organização dos turnos não acontece apenas no fotolog, mas modifica-se no MSN e espalha-se por diferentes ferramentas. Essa característica da multimodalidade da conversação mediada pelo computador já foi também observada por outros autores (De Moor & Efimova, 2004; Recuero, 2002 e 2008).

Por conta da organização disruptiva dos turnos na conversação assíncrona, muitas vezes, os pares conversacionais não são imediatamente discerníveis. Em uma lista de e-mail, por exemplo, é comum que cada participante receba várias mensagens correspondentes a turnos conversacionais diferentes sobre tópicos diferentes (Herring, 1999). Embora toda a conversação aconteça no mesmo espaço (a lista) ela é disruptiva e complexa. Em sites de redes sociais, essa organização pode ser ainda mais difícil de ser seguida pelos atores, por conta de seu espalhamento diante dos vários espaços de interação.

b) Marcadores conversacionais

A conversação assíncrona possui marcadores conversacionais semelhantes aos da conversação síncrona. Para alguns autores, trata-se de uma conversação mais formal, pois proporciona uma maior elaboração das falas dos atores (Herring, 1999). Entretanto, já foi também observado que há marcadores semelhantes aos da conversação síncrona (Örnberg, 2003). Novamente, os marcadores da conversação assíncrona são verbais (nos termos de Marcuschi, 2006). Nesta sessão, assim como na conversação síncrona, discutiremos os marcadores mais freqüentemente observados pela literatura, bem como os substitutos paralingüísticos24 utilizados.

* Onomatopéias e emoticons – As onomatopéias e os emoticons, embora menos utilizadas do que na comunicação síncrona, aparecem também na conversação assíncrona. Esses marcadores são bastante utilizados como forma de criar uma característica de informalidade para a linguagem utilizada nessas ferramentas (Herring, 1999).

* Oralização, abreviações e pontuação - Boyd (2007) discute que as conversações em sites de redes sociais como apropriações dos atores da ferramenta para o propósito da socialização. Talvez por conta disso, a oralização da linguagem seja um importante marcador de informalidade. Ela explica que os adolescentes, por exemplo, tendem a utilizar esses sites como extensões de seu espaço pessoal, para trocar informações e, principalmente, para complexificar seus laços sociais.

A marcação de silêncio, na conversação assíncrona, é mais sutil do que na conversação síncrona. Ao invés do uso de pontuação, ocorre o silenciamento ou a demora na resposta às mensagens por parte de um interagente (McElhearn, 1996).

* Indicadores de direcionamento – Outro elemento importante em conversações com mais de dois interagentes são os indicadores de direcionamento, que indicam aos demais para quem aquela mensagem é dirigita. Tais indicadores também aparecem em conversações assíncronas como modos de direcionar e escolher os turnos. São fundamentais para permitir que os pares conversacionais sejam identificados nas conversações em meio às diversas mensagens.

BLOGUEIRO B : de fato. mas nada impede de alugar um carro, ou então pedir emprestado.
Blogueiro A em 23.06.2008 às 20:06

Blogueiro D diz:
16:17, 19/05/08
Concordo com o Blogueiro C. Nunca, jamais em tempo algum vai haver solução.

No exemplo acima vemos dois indicadores de direcionamento em duas conversações síncronas em weblogs diferentes. Nos casos, os interagentes respondem a seu turno indicando a quem estão direcionando a mensagem ou indicado o contexto onde pertence a mesma.

Os indicadores de direcionamento também podem ser utilizados para determinar vários turnos que estão sendo simultaneamente respondidos a vários interagentes da conversação.

# Blogueiro A diz:
14:06, 19/05/08
Ator 1: sim, é comunismo. veja as tags que eu botei no post. :-)
Ator 2: de fato, única solução para todos os problemas da humanidade. escreverei novo artigo revendo minha posição.
Ator 3: no teu caso, de fato, recomendaria ter carro. não sou assim TÃO comunista. moto eu acho perigoso. te desejo sorte.

No exemplo, vemos um comentário de um weblog onde o autor aproveita um único turno (um comentário) para responder simultâneamente a vários interagentes. Neste caso, o indicador de direcionamento (em negrito) é fundamental para apontar a quem se destina cada resposta e contextualizá-las na conversação.

* Indicadores de persistência – As ferramentas de conversação assíncrona, de um modo geral, permitem a persistência da conversação no espaço digital. Ou seja, essas ferramentas permitem que a conversação continue existindo, mesmo na ausência dos interagentes. É a persistência que permite que os turnos possam acontecer em momentos temporais diferentes e é, por isso, essencial para a conversação assíncrona (Herring, 1999; Boyd, 2007). Essa característica é bastante diferente da comunicação síncrona, quando a persistência não é necessária, pois nesta, os interagentes envolvidos encontram-se presentes no mesmo espaço virtual ao mesmo tempo. Esses indicadores são aqueles que, na conversação, permitem aos interagentes reconhecer o espaço temporal que se estabelece entre suas trocas de mensagens.

Há algumas semanas eu defendia no blog[link] que (…)
# Blogueiro G diz:
20:48, 19/05/08

É verdade, Blogueiro D: Portugal é considerado mundo civilizado e lá a confusão é a mesma. Ou pelo menos era em 2001. Deve ser daí que vem o nosso know-how no assunto.

Nos exemplos acima temos dois indicadores de persistência. O primeiro refere-se à recuperação de um “dizer” antigo, colocado em outro espaço (o link para o texto anterior), procurando contextualizar o que está sendo dito em relação ao que foi colocado anteriormente. Tal ação apenas é possível quando há a persistência das mensagens no tempo. O segundo refere-se ao dia e horário em que o comentário foi realizado, que auxilia a situar o interagente em relação ao momento da interação e ao tempo da conversação.

Indicadores de assunto - Na conversação assíncrona, também é importante demarcar os assuntos ou tópicos que guiam uma conversação, para guiar os participantes no espaço temporal em que ela ocorre. Em weblogs, são utilizados marcadores como links, comentários em um determinado texto e mesmo trackbacks (Marlow, 2004). Em listas de discussão, o marcador “assunto” da mensagem enviada, ou a prática de citar a mensagem anterior pode indicar aquilo que está sendo discutido pelo grupo (McElhearn, 1996), de forma semelhante ao que acontece nos fóruns de discussão.

Em ferramentas assíncronas mais recentes, como é o caso das chamadas ferramentas de “microblogging”, como o Twitter, são apropriados modos de indicar o assunto tais como o uso do caractere “#”, inventado como um modo de organizar assuntos ou tópicos de discussão no sistema. No exemplo (Figura 2), vemos o comentário a respeito do #twittercartoonday . Essas apropriações permitem à audiência invisível (Boyd, 2007) acompanhar a conversação mesmo que não esteja participando da mesma. E essa audiência pode manifestar-se e adentrar a conversação quando e se desejar.

A marcação do assunto é uma estratégia extremamente importante quando a conversação é persistente e cujos turnos não são organizados de forma seqüencial, ou seja, em conversações assíncronas horizontais, pois permitem a delimitação de uma coerência nas mensagens trocadas. Apesar disso, a fragmentação dos tópicos das discussões e dos pares adjacentes é característico da conversação e, de acordo com Herring (1999), na conversação mediada pelo computador do tipo assíncrono, ela ocorre quase sempre porque enquanto um ator está escrevendo sua resposta ao tópico, outro também pode estar e as duas respostas irão se sobrepor e iniciar outra série de sub-tópicos e esses crescerão exponencialmente.

Apontamentos finais

Os elementos que elencamos neste trabalho são focados na criação e manutenção de um contexto conversacional e são fundamentais para se compreender a interação social e o processo de conversação. No entanto, não são os únicos. Há outros elementos, voltados para a sociabilidade como os jogos de linguagem (Herring,1999), a reparação e a polidez e elementos voltados para a identificação dos interagentes, como a personalização das mensagens, que necessitam de outros estudos.

Vimos, neste trabalho, alguns elementos que são importantes para a análise da conversação na comunicação mediada por computador, a partir de seus tipos de conversação síncrona e assíncrona. O objetivo aqui foi sistematizar indicadores oferecidos pela literatura e pela experiência empírica em campo. A conversação mediada por computador, assim, tende a adquirir características da linguagem oral (Ko, 1996), que emprestam informalidade e proximidade ao discurso escrito, focando na sociabilidade tão característica dessas ferramentas. Argumentamos que a ferramenta utilizada para a conversação contribui bastante para o tipo de conversação que dali emergirá, mas não é inteiramente determinante desta (de forma oposta ao que argumenta Herring, 1999). Por conta disso, o espalhamento ou migração das conversações entre as diversas ferramentas, bem como a apropriação de mecanismos síncronos para conversação assíncrona e vice-versa, são comuns. Embora a conversação assíncrona possua dinâmicas diferentes da síncrona, especialmente no que se refere à organização e ao espalhamento das plataformas utilizadas, ambas possuem dinâmicas de linguagem bastante semelhantes (como o direcionamento e a “chamada dos turnos”, por exemplo).

1Raquel Recuero é doutora em Comunicação e Informação (UFRGS), professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da UCPel e pesquisadora vinculada ao CNPq. E-mail: raquel@pontomidia.com.br

2 Os exemplos utilizados neste trabalho foram propositalmente anonimizados de acordo com recomendações de ética para a pesquisa no Ciberespaço da Association of Internet Researchers (http://www.aoir.org).

3 Vide Marcuschi & Xavier (2004), por exemplo.

4 A chamada Web 2.0 é marcada pela popularização das ferramentas de comunicação mediada pelo computador (weblogs, fotologs e sites de redes sociais, por exemplo) e pela potencialização da participação dos atores sociais através delas. Vide O ‘Reily (2005) “What is web 2.0” (http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/tim/news/2005/09/30/what-is-web-20.html)

5 Tradução da autora. No original: “The CMC is the communication established between people through a computer.”

6 Weblogs ou blogs são ferramentas de publicação na Internet, caracterizadas principalmente pelo seu formato de microconteúdo organizado de forma cronológica, com a possibilidade de que comentários sejam acrescidos (Blood, 2002). Surgiram em 1999, com a popularização do Blogger e tornaram-se populares principalmente por conta da facilitação da publicação que proporcionaram na Internet. Foram inicialmente definidos como “diários pessoais” (Lemos, 2002), tendo depois sua aplicação sido ampliada para outras funções (jornalismo, informações, etc.). Vide Recuero, 2003b.

7 O Twitter e o Plurk são ferramentas denominadas de “microblogging”, ou seja, ferramentas que permitem, como os blogs, que as pessoas publiquem textos curtos (até 140 caracteres) em páginas individuais na Internet. Essas publicações são visíveis para os amigos ou seguidores de cada um. Têm sido utilizadas também para notícias (vide Zago, 2008).

8 Fóruns são ferramentas de discussão na Internet, normalmente caracterizadas pela postagem de mensagens em um mesmo espaço de discussão.

9 Chats são as ferramentas de conversação por excelência da Rede, as chamadas salas de bate-papo.

10 Mensageiros são ferramentas que proporcionam ao usuário mostrar aos demais que está conectado e são utilizadas principalmente para a conversação entre dois atores. Permitem que um mesmo ator coloque ali todos os seus amigos e que possa conversar enquanto está na Internet de forma privada ou com mais de um ator. Como exemplos, temos o MSN, o ICQ, o GoogleTalk, e etc.

11 Há diversos tipos de ferramentas de CMC. As textuais aqui consideradas seriam aquelas que privilegiam o texto digitado mais do que o som ou a imagem. Mas já é possível, através do uso de softwares como o Skype, realizar uma interação visual e oral ao mesmo tempo, embora tais softwares não sejam ainda populares devido à limitações de banda no País.

12 Essas limitações, no entanto, são constantemente reduzidas pela implementação de tecnologias para auxiliar a conversação.

13 O Internet Relay Chat é um tipo de sistema de conversação bastante popular nos anos 90 que permitia a criação de canais (salas de bate-papo) e através de mensagens privadas (PVTs).

14 Sites de redes sociais foram definidos por Boyd & Ellison (2007) como: “Serviços baseados na web que permitem aos indivíduos (1) construir um perfil público ou semi-público dentro de um sistema limitado, (2) articular uma lista de outros usuários com quem esses usuários dividem uma conexão e (3) ver e suas listas de conexões e aquelas feitas por outros no sistema. A natureza e a nomenclatura dessas conexões pode variar de site para site”. Tal categoria abrangeria, inicialmente, ferramentas como o Orkut, o Facebook e o MySpace, embora o conceito já tenha sido estendido para abarcar blogs (Herring et al, 2005), fotologs (Recuero, 2008) e outras ferramentas.

15 A esse respeito, vide os trabalhos de Fragoso (2006) e Fragoso e Recuero (2008) sobre a apropriação do Orkut no Brasil.

16 Um par conversacional, de acordo com Marcuschi (2006, p.34) é “uma seqüência de dois turnos que coocorrem e servem para a organização local de uma conversação”.

17 Os recursos paralingüísticos são aqueles elementos não verbais normalmente utilizados em uma conversação oral, tais como o riso, gestos e etc.

18 Exemplo retirado do MSN. Os atores foram anonimizados para preservar sua identidade.

19 http://www.plurk.com - Sistema de comunicação mediada por computador assíncrono, mas que vem sendo utilizado para conversações síncronas pelos usuários brasileiros.

20 Exemplo retirado de conversação síncrona originalmente capturada no IRC.

21 Exemplo retirado de conversação síncrona originalmente capturada no MSN.

22 Conversação síncrona retirada do Webchat UOL - http://bps.uol.com.br

23 De Moor e Efimova (2004) explicam que a conversação pode ser mediada por uma única ferramenta (quando persiste em um espaço único) ou espalhada entre várias ferramentas, como o exemplo que explicamos acima.

24 Os recursos paralingüísticos são aqueles elementos não verbais normalmente utilizados em uma conversação oral, tais como o riso, gestos e etc.

25 Trackbacks são ferramentas utilizadas plos blogs para mostrar outros blogs que fazem referência àquilo que foi discutido através de links.

26 “Quoting”: o ator deixa um pedaço da mensagem anterior no corpo de sua mensagem como forma de citar aquilo que foi dito anteriormente.

27 O Twitter Cartoon Day foi um movimento onde, em abril de 2008, os atores trocaram suas fotos por imagens de desenhos animados. Para referenciar a conversa sobre o movimento, utilizavam o marcador #twittercartoonday.

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Submetido: 02/07/2008, aceito: 18/08/2008