Sujeição e agência em situações de violência contra as mulheres: trajetórias de superação e ressignificação

Autores

  • Érika Nunes de Medeiros Ferreira Borges Universidade Federal de Goiás
  • Eliane Gonçalves Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.4013/csu.2017.53.1.12

Resumo

Neste artigo, analisamos alguns aspectos relacionados com o problema da violência contra as mulheres a partir de pesquisa qualitativa concluída recentemente (2016) com mulheres residentes em Goiânia, Goiás, que vivenciaram contextos de violência desencadeados por seus parceiros – namorados ou maridos. Exploramos os significados atribuídos às experiências vividas, atentas aos processos de subjetivação que sinalizam ruptura e ressignificação da situação de violência sofrida pelas mulheres sujeitos da pesquisa. O estudo focaliza especificidades e semelhanças nas trajetórias analisadas e permite concluir que: (i) apesar da relativa demora em perceber o contexto da violência nos seus primeiros sinais, (ii) da atribuição de traços idiossincráticos aos parceiros, tais como comportamentos explosivos ou ciúmes, e, (iii) da relutância e hesitação em buscar ajuda no momento da violência, esse conjunto de mulheres conseguiu dar um significado novo às suas vidas, apontando o desejo de superação, algo já ou muito próximo de conquistado nas narrativas de todas elas. Suas superações apontam para um deslocamento nas relações de poder, tal como ressaltam estudos feministas que se ocupam do tema das violências. A noção de subjetivação como agência, e não apenas como sujeição, conduz à possibilidade, ao menos em alguns contextos, de resistência e liberdade de ação. É sobre essa díade, sujeição/agência relacionada com o tema da violência contra as mulheres, que trata o presente artigo.

Palavras-chave: violência contra as mulheres, gênero, subjetivação, agência, feminismo.

Biografia do Autor

Érika Nunes de Medeiros Ferreira Borges, Universidade Federal de Goiás

Mestre em Sociologia (UFG, 2016). Graduada em Licenciatura em Ciências Sociais pela Faculdade de Ciências Sociais (UFG, 2013). Possui interesse e foco em Sociologia, estudos e pesquisas voltados para os seguintes temas: violência contra a mulher, feminismos e gênero. É integrante do Grupo de Estudos em Gênero, Feminismo, Corpo e Sexualidade do grupo de pesquisa Ser-Tão - Núcleo de estudos e pesquisas em Gênero e Sexualidade da Universidade Federal de Goiás.

Eliane Gonçalves, Universidade Federal de Goiás

Doutora em Ciências Sociais (Unicamp, 2007), professora adjunta IV, vinculada à área de Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais, Universidade Federal de Goiás. Pesquisadora da linha Direitos Humanos, Diferença, Violência do Programa de Pós-graduação em Sociologia, faz parte da equipe do SER-TÃO, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, no qual é líder do grupo no diretório do CNPq. Atualmente é editora da área de Sociologia na Revista Sociedade e Cultura (UFG). No ano acadêmico de 1998-1999 foi bolsista no Harvard Center for Population and Development Studies (Harvard School of Public Health). É co-fundadora e colaboradora do Grupo Transas do Corpo, organização feminista, desde 1987. Tem experiência de pesquisa, ensino e extensão nos seguintes temas: teorias e metodologias feministas, gênero e conexões com outros marcadores sociais de diferença, transmissão intergeracional, estilos e modos de vida contemporâneos, direitos sexuais e reprodutivos, sexualidades.

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Publicado

2017-02-23

Edição

Seção

Artigos